Morte de Floyd. Polícia alvejado em Nova Iorque durante recolher obrigatório

Quase quatro horas depois de ter entrado em vigor o recolher obrigatório, ocorreu um tiroteio em Brooklyn e um agente da polícia foi baleado.
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Um polícia norte-americano foi baleado quarta-feira em Brooklyn, Nova Iorque, durante o recolher obrigatório decretado para conter os protestos pela morte do afro-americano George Floyd, que morreu sob custódia judicial, segundo as autoridades.

Segundo a Polícia de Nova Iorque, o tiroteio aconteceu quase quatro horas depois de ter entrado em vigor o recolher obrigatório.

As circunstância do tiroteio, incluindo o estado do agente, não são ainda conhecidas, não se sabendo se o incidente está relacionado com os protestos que se têm repetido por todo o país por causa da morte de Floyd às mãos da Polícia, em Minneapolis, no estado de Minnesota.

Um vídeo divulgado nas redes sociais mostrava ruas cheias de carros da polícia no local do incidente.

Em Brooklyn, várias marchas de protesto continuaram após o recolher obrigatório que as autoridades impuseram para impedir que as lojas fossem danificadas e saqueadas.

Segundo agente envolvido na detenção de Floyd detido

O Ministério Público norte-americano agravou na quarta-feira para homicídio em segundo grau a acusação do agente da polícia que provocou a morte a George Floyd e, pela primeira vez, acusou formalmente os três outros agentes que o acompanhavam.

Segundo o procurador-geral de Minneapolis, onde o alegado homicídio aconteceu, um segundo ex-agente já foi detido (depois do primeiro acusado, Derek Chauvin) e espera-se entretanto a detenção dos restantes dois.

Numa declaração escrita, a família de George Floyd, afro-americano que morreu com o joelho de um polícia no pescoço e na presença de outros três agentes, disse estar "satisfeita por esta importante ação ter sido tomada antes que o corpo de George Floyd fosse enterrado".

"O meu pai não devia ter morrido assim. Merecemos justiça"

"Este é um passo significativo no caminho da justiça" e "é uma fonte de paz para a família nesta altura dolorosa", pode ler-se na declaração.

Numa mensagem muito curta e contida de emoções em frente às câmaras de televisão, o filho de George Floyd, Quincy Floyd também reiterou que está "satisfeito porque todos os agentes [serão] detidos".

"O meu pai não devia ter morrido assim. Merecemos justiça. É tudo o que tenho a dizer", disse Quincy Floyd, de 27 anos, numa conferência de imprensa em Minneapolis.

"Queremos justiça, esse é realmente a afirmação com que as pessoas estão a marchar em toda a América", disse o advogado da família, Ben Crump, acrescentando que ainda "não se pode celebrar, porque detenção não é condenação".

O advogado relembrou que a família pretende a condenação de homicídio para os quatro agentes de polícia que foram despedidos um dia depois da morte.

"Aquilo de que George Floyd seria acusado se os papéis estivessem revertidos, é aquilo que a família tem pedido", considerou o advogado.

"Estamos orgulhosos de que o apelo para a justiça desta família foi ouvido por tantos, não só em Minnesota, mas em Nova Iorque, Texas, Europa e na Austrália", declarou o advogado, acrescentando que os protestos estão a demonstrar que "existem dois sistemas de Justiça na América, um para os negros e outro para os brancos".

Abraçando o filho da vítima, o advogado acrescentou: "Sei que isto é muito difícil. Estamos a falar do pai do Quincy. Para vocês, é só um 'hashtag', mas para ele, é a pessoa que lhe deu vida".

A família vai prestar tributo a George Floyd, num serviço de memorial na quinta-feira na North Central University em Minneapolis, às 13:00 horas locais (19:00 em Lisboa).

Autópsia revela que Floyd testou positivo à covid-19 em abril

Uma autópsia completa a George Floyd foi divulgada esta quarta-feira e fornece novos detalhes, entre eles que o afro-americano testou positivo à covid-19 em abril.

O relatório de 20 páginas divulgado pelo Departamento de Medicina Legal do condado de Hennepin foi divulgado com a permissão da família e depois do médico legista ter divulgado conclusões sumárias na segunda-feira, concluindo que Floyd teve um ataque cardíaco ao ser imobilizado pela polícia e classificando a sua morte a 25 de maio de homicídio.

O relatório revelou que Floyd testou positivo para a covid-19 a 3 de abril, mas que parecia assintomático. No relatório também se observa que os pulmões de Floyd pareciam saudáveis, mas apresentava um estreitamento das artérias no coração.

O anterior relatório, mais resumido, listou intoxicação por fentanil (um opiáceo) e uso recente de metanfetaminas, mas sem relacionar este dado com a causa de morte. As notas de rodapé do relatório completo observaram que os sinais de toxicidade do fentanil podem incluir "depressão respiratória grave" e convulsões.

Pelo menos 9 mil pessoas detidas desde o início dos protestos

George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu em 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.

Desde a divulgação das imagens nas redes sociais, têm-se sucedido os protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem.

Pelo menos nove mil pessoas foram detidas desde o início dos protestos, e as autoridades impuseram recolher obrigatório em várias cidades, incluindo Washington e Nova Iorque, enquanto o Presidente norte-americano, Donald Trump, já ameaçou mobilizar os militares para pôr fim aos distúrbios nas ruas.

Os quatro polícias envolvidos foram despedidos, e o agente Derek Chauvin, que colocou o joelho no pescoço de Floyd, foi acusado de homicídio em segundo grau, arriscando uma pena máxima de 40 anos de prisão.

Os restantes vão responder por auxílio e cumplicidade de homicídio em segundo grau e por homicídio involuntário.

A morte de Floyd ocorreu durante a sua detenção por suspeita de ter usado uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) numa loja.

A morte de Floyd ocorreu durante a sua detenção por suspeita de ter usado uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) numa loja.

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