Floyd. Bruxelas condena ato "lamentável" e admite casos semelhantes na Europa
"Em todo o lado, incluindo na Europa, temos de lutar contra o racismo e contra este tipo de violência", diz o comissário europeu dos Direitos Sociais, Nicolas Schmit.
A Comissão Europeia condena o caso "profundamente lamentável" de violência policial que levou à morte do afro-americano George Floyd nos Estados Unidos, mas admite situações semelhantes na Europa, que têm de ser combatidas, segundo a instituição.
Relacionados
"O que está a acontecer nos Estados Unidos é profundamente lamentável e penso que temos de, em todo o lado, incluindo na Europa, lutar contra o racismo e contra este tipo de violência", afirmou em entrevista à Lusa, em Bruxelas, o comissário europeu dos Direitos Sociais, Nicolas Schmit.
Segundo o responsável luxemburguês, este caso "mostra o quão importante é ter sociedades onde as pessoas convivam de forma pacífica e onde não haja discriminação".
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
"Isto é algo que devemos combater, embora não se possa dizer que isto nunca aconteceu na Europa", sublinhou Nicolas Schmit.
"Já houve alguns conflitos que, ainda assim, não tiveram a gravidade do que está a acontecer nos Estados Unidos", acrescentou, aludindo aos contornos graves da morte de George Floyd -- asfixiado por um polícia -, que foram denunciados em partilhas nas redes sociais e motivaram uma acesa onda de protestos nos Estados Unidos.
13 detidos em protestos em Londres
Também na Europa, em cidades como Berlim ou Londres, se replicaram estas manifestações contra o racismo, nomeadamente durante o passado fim de semana.
E nem a pandemia de covid-19 demoveu milhares manifestantes nestas cidades, que empunharam cartazes com frases como "Black Lives Matter" (as vidas dos negros importam) e "I can't breathe" (não consigo respirar, numa alusão às últimas palavras de George Floyd).
Treze pessoas foram mesmo detidas na noite de quarta-feira, em Londres, durante o protesto pela morte do afro-americano George Floyd nos EUA, informou a polícia.
Centenas de pessoas juntaram-se na quarta-feira no centro de Londres, perto do Parlamento, onde ocorreram cenas de tensão entre policiais e alguns manifestantes.
Pelo menos dois manifestantes enfrentaram os policiais do lado de fora dos portões de segurança da Downing Street, a rua onde está localizada a residência oficial do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.
Segundo imagens divulgadas pela rede "Sky News", um dos policias foi agredido durante os confrontos.
As forças da ordem reforçaram a segurança nas ruas, com mais policias destacados em Whitehall, na área de Downing Street e junto a vários ministérios britânicos, para conter a multidão.
"É uma questão importante para nós, enquanto sociedade, porque as sociedades democráticas não devem aceitar o racismo e a violência motivada pelo racismo. São situações que devemos combater e temo-lo feito", adiantou Nicolas Schmit na entrevista à Lusa.
George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu em 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.
Desde a divulgação das imagens nas redes sociais, têm-se sucedido os protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem.
Pelo menos nove mil pessoas foram detidas e o recolher obrigatório foi imposto em várias cidades, incluindo Washington e Nova Iorque, mas diversos comentários do Presidente norte-americano, Donald Trump, contra os manifestantes têm intensificado os protestos.
O polícia que colocou o joelho no pescoço de Floyd arrisca-se a cumprir uma pena de 40 anos de prisão.
Os quatro polícias envolvidos foram despedidos, e o agente Derek Chauvin, que colocou o joelho no pescoço de Floyd, foi acusado de homicídio em segundo grau, arriscando uma pena máxima de 40 anos de prisão.
Os restantes vão responder por auxílio e cumplicidade de homicídio em segundo grau e por homicídio involuntário.
A morte de Floyd ocorreu durante a sua detenção por suspeita de ter usado uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) numa loja.