Morte de Baghdadi anunciada após a perda de Mossul
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos garantiu ontem ter "informação confirmada" de que o líder do Estado Islâmico, , foi morto. Uma informação que surge poucos dias depois do exército iraquiano ter libertado Mossul, impondo uma pesada derrota ao grupo terrorista, que controlava a cidade há cerca de três anos.
A informação avançada ontem pelo observatório, e que não foi confirmada até ao fecho desta edição por nenhuma outra fonte, abre de novo a discussão sobre a morte ou não de Abu Bakr al-Baghdadi. Em junho, o ministro da Defesa da Rússia afirmou que o líder terrorista poderia ter sido morto quando um ataque aéreo das forças russas atingiu um encontro de comandantes do Estado Islâmico nos arredores da cidade síria de Raqqa. Uma informação que, na altura, não foi confirmada por uma segunda fonte. Num vídeo divulgado a partir de Raqqa uma semana depois do relato russo, elementos do Estado Islâmico falavam do "nosso xeque" sem referirem, no entanto, o nome de Baghdadi.
"Nós temos informação confirmada por líderes - incluindo um dos mais altos comandantes, que é sírio - do Estado Islâmico na zona de Deir al-Zor", garantiu Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), acrescentando não saberem quando e onde ocorreu a morte do líder jihadista. Deir al-Zor, no leste da Síria, continua maioritariamente sob o domínio jihadista, apesar de o Estado Islâmico estar a perder terreno na Síria e no Iraque. Segundo Rahman, Baghdadi "esteve na zona leste da província de Deir al-Zor" nos últimos meses.
Baghdadi, de 46 anos, não é visto em público desde 4 de julho de 2014, quando subiu ao púlpito da mesquita al-Nusri de Mossul e se declarou o líder dos muçulmanos. Esta é, aliás, a sua primeira e única aparição pública de que há registo.
No Iraque, o coronel norte-americano Ryan Dillon, porta-voz da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, disse não poder confirmar a morte de Baghdadi. Mas acrescentou: "Aconselhamos vivamente o Estado Islâmico a implementar uma forte linha de sucessão, pois vão precisar". No Twitter, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixou a seguinte mensagem, que poderá indiciar a veracidade da notícia e uma menção à conquista de Mossul: "Grandes vitórias contra o ISIS!".
O líder das tropas dos EUA no Iraque, o tenente-general Stephen Townsend, declarou que ainda não tinham informações concretas sobre o assunto. "Apesar de todos os relatórios úteis que recebemos de todas as fontes imagináveis, não sou capaz de confirmar ou negar onde ele está ou se está vivo ou morto. Deixei-me só dizer que é meu ardente desejo que seja a segunda hipótese", afirmou o militar.
A morte de Baghdadi já foi anunciada várias vezes, mas o OSDH tem um registo de credibilidade no que diz respeito ao conflito sírio. A confirmar-se, representa um dos maiores golpes no Estado Islâmico, que tem visto o seu território diminuir na Síria e no Iraque - na segunda-feira, o exército iraquiano recuperou a cidade de Mossul, após meses de intensos combates.
Os Estados Unidos oferecem uma recompensa de 25 milhões de dólares (cerca de 21,8 milhões de euros) pela sua captura, o mesmo valor dado por Osama bin Laden e o seu sucessor, Ayman al-Zawahri. Desde o início dos ataques aéreos na Síria e no Iraque da coligação internacional, o Estado Islâmico já perdeu vários dos seus mais altos líderes: Abu Ali al-Anbari, o número dois de Baghdadi, o ministro da Guerra do grupo, Abu Omar al-Shishani, e Abu Mohammad al-Adnani, um dos mais antigos comandantes jihadistas.
Depois há que ter em conta o tempo que estes grupos terroristas demoram a confirmar mortes dos seus líderes. Os talibãs esconderam durante dois anos a morte do seu líder, Mohammed Omar, também conhecido como mullah Omar, só revelando a notícia em 2015. Já o Estado Islâmico levou, em outubro, cerca de três semanas para confirmar a morte de Abu Mohammad al-Furqan, o seu ministro da Informação, mas apenas umas horas, em agosto, no caso da morte de Abu Mohammad al-Adnani, o porta-voz oficial dos jihadistas.