Ministério Público investiga morte de indígena após invasão de garimpeiros

Líderes do povo Wajãpi falam em cerca de meia centena de garimpeiros que ainda estarão acampados em Amapá. Polícia Federal já está na região.

O Ministério Público Federal do estado de Amapá, no Brasil, está a investigar as circunstâncias da morte de um líder indígena do povo Wajãpi, cuja morte terá sido primeiro atribuída à ingestão de uma bebida durante uma cerimónia. Afinal, poderá tratar-se de homicídio, após a região - uma reserva na Amazónia - ter sofrido uma invasão de garimpeiros.

"Acerca das denúncias de invasão da TI Wajãpi por garimpeiros, o órgão solicitou informações à PF [Polícia Federal] sobre as providências adotadas até o momento. Esclarecimentos também serão requeridos aos órgãos competentes", diz a nota do MP brasileiro.

Segundo um comunicado da Fundação Nacional do Índio (Funai), citado pelo jornal O Globo, a invasão começou no dia 23 de julho, terça-feira, quando foi confirmada a morte de Emyra Waiãpi. O líder de uma comunidade de cerca de 1200 membros, que vivem numa reserva de 600 mil hectares.

A Funai atribuiu a morte do líder indígena a um afogamento causado por ingestão de uma bebida tradicional, durante uma cerimónia, mas ontem acabou por descartar essa possibilidade e confirmou que a causa da morte de Emyra foi a invasão de garimpeiros.

A Polícia Federal e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) já está na região.

Havia ainda a informação de que outro líder indígena tinha sido morto na noite de sexta-feira, uma informação entretanto descartada.

"A segunda morte que supostamente teria sido provocada pelos invasores ontem, dia 26, não ocorreu, sendo a informação falsa, tendo o indígena retornado à sua aldeia sem informações se o mesmo teve contacto com os invasores, sendo tão somente suposições devido ao clima de medo em que eles se encontram e a demora do indígena em retornar para a aldeia", diz ainda o comunicado.

As últimas notícias dão conta de que este domingo de manhã os garimpeiros permaneciam acampados na região. Segundo a Funai, serão entre 10 a 15 pessoas, depois de ontem os líderes indígenas terem falado em cerca de meia centena de garimpeiros.

As tensões na Amazónia tem aumentado desde que o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, admitiu abrir partes da floresta à exploração mineira. Bolsonaro já disse que as zonas protegidas são demasiado grandes tendo em conta o número de pessoas que aí vive. Declarações que, os críticos consideram terem incitado movimentos de invasão e de exploração ilegal.

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