Menos apelos e mais alertas na mensagem de Ano Novo de Guterres

Secretário-geral alerta para o agudizar de conflitos e para alterações climáticas e insta à união de líderes mundiais
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Na mensagem de ano novo de 2017, António Guterres lançou um apelo à paz no mundo, mas sem resultados. "Infelizmente, o mundo seguiu, em grande medida, o caminho inverso. No primeiro dia do ano de 2018 não vou lançar um novo apelo. Vou emitir um alerta ao mundo", diz o português.

O aviso não é muito animador: "Os conflitos aprofundaram-se e novos perigos emergiram. A ansiedade global relacionada com as armas nucleares atingiu o seu pico desde a Guerra Fria. As alterações climáticas avançam mais rapidamente do que os nossos esforços para as enfrentar. As desigualdades acentuam-se. Assistimos a violações horríveis de direitos humanos. Os nacionalismos e a xenofobia estão a aumentar."

Pelo que António Guterres apela à união e insta os líderes mundiais a estabelecerem um compromisso de Ano Novo: "Estreitem laços. Lancem pontes. Reconstruam a confiança reunindo as pessoas em torno de objetivos comuns." Porque a "união é o caminho" e o futuro de todos nós depende dela.

Balanço do ano

Aos mais de 40 mil trabalhadores do secretariado das Nações Unidas, António Guterres dirigiu-se numa outra mensagem, esta de final de ano, à qual o DN teve acesso. Mais pormenorizada, e tendo como destinatário principal os colaboradores da ONU, a carta oferece um resumo dos primeiros meses de mandato do ex-primeiro-ministro português.

"No ano agora findo não houve desaceleração na crise global e as Nações Unidas têm estado no centro da procura de soluções em todo o espectro de trabalho pela paz, desenvolvimento sustentável, direitos humanos e ajuda humanitária", lê-se.

Iémen, Sudão do Sul, Somália e Nigéria são países que Guterres destaca pela ação das agências das Nações Unidas em evitar a fome. "Mas a ameaça mantém-se e devemos intensificar os nossos esforços."

Uma palavra especial para os migrantes e refugiados - Guterres foi alto-comissário das Nações Unidas para os refugiados entre 2005 e 2015 - e as "condições horrendas" que enfrentam, "incluindo o comércio de seres humanos, o que é uma afronta à humanidade". O secretário-geral, que atribui as "graves consequências" que estão à vista de todos à ausência de uma estratégia global para lidar com milhões de pessoas em movimento, destaca os esforços para alcançar um acordo global para migrantes e refugiados.

No que concerne às alterações climáticas, Guterres afirma que se fizeram bastantes progressos na mobilização geral, "mas há muito mais por fazer" e é necessária "mais ambição para proteger as pessoas e o planeta".

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