Manifestantes não desarmam em Hong Kong (e em Londres)

Pelo quinto dia consecutivo, a cidade ficou paralisada devido aos cortes de estradas e às barricadas nas universidades. Em Londres, a ministra da justiça da antiga colónia britânica caiu enquanto era confrontada por manifestantes.
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Manifestantes antigovernamentais paralisaram partes de Hong Kong pelo quinto dia consecutivo na sexta-feira, forçando as escolas a fechar e bloqueando algumas estradas principais, enquanto estudantes universitários barricavam as faculdades.

A violência nas ruas levou à morte de um funcionário da limpeza que foi atingido na cabeça com um objeto. As autoridades de saúde fizeram um balanço do número de feridos: nas últimas horas 11 pessoas deram entrada nos serviços de urgência, uma delas em estado grave.

Manifestantes mais radicais apresentaram novas formas de luta nas últimas horas, fazendo uso de arcos e flechas, catapultas, fisgas e andaimes em bambu para montar barricadas.

A chefe do governo, Carrie Lam, condenou "a agressão bárbara" à ministra da justiça da cidade, de visita a Londres, dizendo que o incidente violou os princípios de uma sociedade civilizada. As imagens mostram Cheng cercada por manifestantes que apontavam luzes para a sua cara enquanto a chamavam de "assassina". Dos momentos de tensão vê-se a ministra a cair, tendo sido posteriormente escoltada por seguranças.

Para Carrie Lam, Cheng foi "gravemente ferida" e exigiu à polícia britânica que investigasse o "ataque".

Cheng é um dos membros mais impopulares do governo de Hong Kong, sobretudo porque foi considerada uma das principais arquitectas do projecto de lei sobre a extradição para a China, que incendiou os pós em Junho e foi entretanto abandonada.

Além disso, os serviços que ela dirige são responsáveis pelo tratamento judicial dos casos dos milhares de manifestantes que foram detidos desde junho.

Os manifestantes clamam justiça e têm cinco exigências. A primeira -- o abandono do projeto de lei da extradição -- foi a única atendida pelo governo. Os ativistas exigem amnistia aos manifestantes detidos, a criação de uma comissão de inquérito independente à forma como as forças de segurança têm agido, que as autoridades não cataloguem as manifestações como motins (com todas as consequências penais para os detidos), a demissão de Carrie Lam e a consequente eleição por sufrágio universal para o cargo de chefe de governo da região administrativa especial.

A transferência de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas", o que os opositores às alterações da lei da extradição garantem estar agora em causa.

Tal como acontece com Macau, para aquela região foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário. Pequim é responsável pelas relações externas e pela defesa.

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