Mais de 100 detidos em Londres em manifestação pelo clima
A Polícia Metropolitana de Londres deteve até agora 135 ativistas que esta segunda-feira participavam no protesto de desobediência civil pacífica pelo clima, promovido pelo movimento Extinction Rebellion, o mesmo que há pouco tempo organizou um bloqueio junto ao Banco de Portugal, em Lisboa.
Os manifestantes voltaram às ruas para apelar ao governo britânico que coloque o combate às alterações climáticas no topo das prioridades. Recorde-se que na semana passada vários elementos do grupo foram detidos após lançarem sangue falso sobre um edifício do governo britânico.
Esta segunda-feira marca o início de duas semanas de desobediência civil pacífica na capital inglesa, organizado pelo Extinction Rebellion, uma ação de protesto que exige medidas urgentes do Estado inglês para conter as emissões de carbono.
Os promotores desta manifestação esperam levar para as ruas de Londres 10 mil pessoas. Ações semelhantes estão a acontecer em várias cidades de mais de 60 países. Amesterdão, Melbourne, Berlim e Madrid são alguns dos exemplos.
Um pequeno grupo de ativistas prendeu-se a um falso míssil nuclear fora do Ministério da Defesa, pedindo ao governo que redirecionasse os fundos gastos nos submarinos nucleares britânicos Trident para a política climática.
Num outro local, dois ativistas estacionaram um carro no meio de uma estrada principal. Entretanto, vários ativistas bloquearam algumas estradas que dão acesso ao parlamento. "Se não agirmos já, as alterações climáticas negam o futuro às nossas crianças", lê-se num dos cartazes que os manifestantes exibem.
A ponte de Westminster também ficou bloqueada com a presença de vários ativistas.
"É tudo tão urgente. É imperativo que o governo tome medidas sérias e pressione outros Estados e poderes para reduzir radicalmente o uso de combustíveis fósseis, mesmo que isso signifique reduzir o nosso conforto em casa", afirmou Sarah Lasenby, 81 anos, citada pelo jornal The Guardian. Lasenby é uma das pessoas que foram detidas pela polícia.
"É uma emergência climática. A necessidade é tão forte; o que pode ser mais importante que o futuro de toda a vida neste planeta? É preciso tomar medidas para ter uma oportunidade de mitigar os efeitos da crise climática", afirmou Venetia, de 55 anos, outra das manifestantes que participou nos protestos em Londres.
Em Madrid, três ativistas foram detidos e 30 identificados por cortar o trânsito no centro da capital espanhola, diz o El Mundo, que cita fontes policiais.
Escreve o jornal que centenas de ativistas e membros de numerosas organizações ecologistas interromperam a circulação rodoviária para denunciar "a emergência climática e a inação criminal do governo".
O protesto fez-se sentir, sobretudo, em frente ao Ministério da Transição Ecológica, na capital espanhola, que já se mostrou disponível para se reunir com representantes das organizações que convocaram esta manifestação.
Também em Madrid, a polícia retirou à força alguns ativistas nestes protesto pelo clima. Os três detidos estão acusados de resistência e desobediência, de acordo com o El País.
Há quem leve sacos-cama, tendas e acampe como forma de protesto, bloqueando assim a circulação rodoviária. Os acampamentos vão manter-se e não têm hora nem data para terminarem, disse ao jornal espanhol Nicolás Eliade, um elemento do Exctintion Rebellion. "É uma ação coordenada em cidades de mais de 60 países", acrescentou.
Também ao El País, um membro do grupo explica a razão pela qual se juntou ao protesto. "Pedimos que seja declarada a emergência climática, mas com medidas vinculativas", afirmou Miguel Rodríguez.
Em Portugal, os ativistas do movimento Extinction Rebellion bloquearam, no dia 27 de setembro, no cruzamento da Avenida Almirante Reis com a Rua de Angola, junto ao Banco de Portugal, em Lisboa. Foram cerca 400 a 500 pessoas que participaram nesta ação de desobediência civil pacífica na capital portuguesa, que terminou após quatro horas e depois da intervenção da polícia.
Em Londres, este grupo começou a ter mais destaque em abril quando bloqueou estradas durante 11 dias. Nessa altura, mais de mil ativistas foram presos, dos quais 850 foram processados por vários crimes de desordem pública. Até agora, 250 foram condenados, refere a Reuters.
Em Amesterdão, centenas de ativistas cantavam "rebelião" durante o protesto desta segunda-feira. Bloquearam o centro da cidade depois de terem sido avisados pela polícia, que lhes disse que iria haver prisões para prevenir perturbações na circulação de pessoas.
As autoridades aprovaram os planos de manifestação do grupo Extenction Rebellion, mas com a condição de que os ativistas não poderiam bloquear o trânsito.
Os agentes pediram à população que se desloca para os empregos ou escolas, de carro e bicicleta, para evitar a zona centro de Amesterdão, onde se concentra o protesto pelo clima. "O objetivo é reduzir a escalada e interromper o bloqueio e permitir o fluxo seguro de tráfego", disse a polícia, em comunicado.
"Parem de falar, comecem a agir" ou "Digam a verdade" são algumas das frases que se podem ler nos cartazes dos ativistas, reunidos em frente ao Rijksmuseum.
Tal como em Londres, a polícia já começou a retirar à força alguns ativistas, sentados ou deitados no chão, que estão a bloquear o trânsito na cidade holandesa. Mais de 50 foram detidos, informam as autoridades.
Em Berlim, cerca de mil pessoas associadas ao movimento Extinction Rebellion bloquearam ao amanhecer a rotunda Grosser Stern, na zona de Tiergarten, onde se situa a icónica estátua da Coluna da Vitória.
Os ativistas também acamparam junto ao gabinete da chanceler alemã, Angela Merkel, de cuja política climática discordam.
O chefe de gabinete de Merkel, Helge Braun, criticou a abordagem dos manifestantes por causa das "intervenções perigosas" em vias movimentadas.
Entretanto, e enquanto ativistas bloqueiam o centro de Londres, a chanceler alemã já falou sobre as medidas de proteção do clima que a Alemanha vai querer implementar.
Angela Merkel referiu que as iniciativas que o seu governo vai aprovar esta quarta-feira incluem um mecanismo para monitorizar os limites estabelecidos nas emissões de carbono.
"A questão da monitorização é decisiva no plano de proteção climática", afirmou Merkel à margem da inauguração de um centro de educação climática.
A ação de protesto do movimento Extinction Rebellion está a bloquear o centro de Paris, como relata o jornal Le Figaro.
De acordo com o testemunho de um ativista ao jornal francês, serão cerca de uma centena de pessoas que estão a ocupar as ruas do centro da capital. Os ativistas pretendem passar a noite no local e, por isso, começaram a montar tendas.
Com Lusa.
Atualizado às 15:25.