Macron promete dizer a Sissi que o Egito tem um problema de direitos humanos

O presidente francês disse que vai falar "mais abertamente" sobre os direitos humanos durante a sua visita ao Egito, onde vai reunir-se com o seu homólogo Abdel Fattah al-Sissi na segunda-feira.
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O presidente francês declarou que vai ter um diálogo franco com o líder egípcio Abdel Fattah al-Sissi sobre a situação dos direitos humanos no Egito. Os chefes de Estado encontram-se nesta segunda-feira no Cairo. Macron disse que vai também referir casos concretos de opositores e de personalidades detidas, mas esse diálogo será mantido em confidencialidade.

"Vou exprimir-me mais abertamente porque penso que é do interesse do presidente Sissi e da estabilidade egípcia", afirmou durante um encontro com a imprensa francesa no primeiro dia da sua visita ao Egito. "As coisas pioraram desde outubro de 2017", quando o líder egípcio visitou Paris, disse, em referência à situação dos direitos humanos no Egito.

Segundo Emmanuel Macron, "hoje, não são apenas os opositores políticos que estão presos, mas também os opositores que estão no campo democrático tradicional, que não ameaçam a estabilidade do regime. Trata-se de jornalistas, homossexuais, mulheres e homens que têm convicções, mas que não me parecem ameaçar de modo algum o regime."

Essa política é vista pela sociedade civil egípcia "como mais dura do que o regime de Mubarak", o presidente derrubado em 2011 durante a Primavera Árabe. "A minha linha é: estabilidade e respeito pela soberania. Mas o que está a acontecer aqui ameaça a estabilidade do Egito a longo prazo."

Macron disse respeitar as especifidades do país. O poder egípcio tem "características relativamente autoritárias que são apresentadas por seus líderes como necessárias para evitar ser desestabilizado, especialmente pela Irmandade Muçulmana ou por oposições internas", disse. Mas isso não é motivo para virar costas ao Cairo. "Decidir interromper qualquer forma de cooperação por estas razões conduziria o Egito ainda mais rapidamente para a Rússia ou para outras potências", acrescentou.

Com a ambição de reforçar a "parceria estratégica" com o país mais populoso do mundo árabe e aumentar o comércio, Macron é esperado na segunda-feira de manhã no palácio presidencial para uma reunião com Sissi, que será seguida de almoço e de jantar.

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