Japão emite mandado de captura de mulher de ex-presidente da Nissan
A ação contra Carole Ghosn, que não está no Japão, surge na sequência da fuga do marido para o Líbano há uma semana após ser libertado sob fiança, enquanto aguardava julgamento por suposta má conduta financeira.
Detalhes sobre as acusações contra Carole Ghosn não foram divulgados.
Carole Ghosn foi proibida de se encontrar com marido porque as autoridades suspeitavam de que o poderia ajudar a fugir. Após a fuga, o ex-presidente da Renault-Nissan disse ter organizado "sozinho" a sua fuga do Japão para o Líbano, negando qualquer implicação da sua família. Jornais económicos dizem que fuga foi "preparada durante meses" por colaboradores próximos.
A Interpol emitiu um mandado de prisão de Carlos Ghosn e há uma semana este fugiu para o Líbano sem autorização do tribunal, em violação com as condições de libertação sob fiança.
Ghosn tem negado todas as acusações contra ele e disse que fugiu para o Líbano para escapar de um sistema judicial japonês "fraudulento. Em declaração divulgada através do seu advogado, disse ter fugido de um "sistema jurídico japonês parcial onde existe uma presunção de culpa, a discriminação é generalizada e os direitos humanos são violados".
O Líbano e o Japão, refira-se, não possuem um tratado de extradição.
A fuga do ex-presidente Carlos Ghosn para o Líbano sem autorização do tribunal, em violação das condições da libertação sob fiança, é um ato que desafia o sistema judicial do Japão", indicou a empresa num comunicado, divulgado esta terça-feira, uma semana depois de Ghosn, de 65 anos, se encontrar no Líbano. "A Nissan considera isto extremamente lamentável", acrescentou.
O empresário tinha que se apresentar, nos próximos meses, perante os tribunais de Tóquio para responder às irregularidades financeiras de que é acusado durante a gestão da Nissan Motor.
Ghosn está acusado de ter alegadamente ocultado às autoridades japonesas remunerações negociadas com a Nissan e de ter usado os fundos da companhia para cobrir gastos pessoais e perdas financeiras.
Detido pela primeira vez em 19 de novembro de 2018 e em 25 de abril passado, Ghosn ficou em liberdade sob fiança, após a segunda detenção, com comunicações e movimentos limitados e proibido de sair do país.
As autoridades japonesas pediram à Interpol que detenha preventivamente Ghosn até que seja extraditado para responder perante os tribunais do país.
Na segunda-feira, o chefe do Gabinete e ministro porta-voz do Governo, Yoshihide Suga, garantiu que Tóquio desenvolverá todos os esforços diplomáticos para conseguir que o Líbano entregue o ex-presidente da Nissan às autoridades japonesas.