Irão? Cuba? Clima? Não, o maior legado de Obama está na saúde e na economia

O Obamacare e ter salvo os EUA de uma recessão ainda pior sem recorrer à austeridade garantem um lugar na história ao 44.º presidente
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Quando chegou à Casa Branca, Obama encontrou "a maior dívida que um presidente herdou. Uma crise financeira como não se via desde a Grande Depressão. A indústria automóvel quase na bancarrota. O emprego em queda livre", recorda Marc Pacheco. Sete anos depois, sublinha o lusodescendente, senador estadual do Massachusetts, "a indústria automóvel floresce, os bancos estão de novo de pé. O desemprego está nos 5%". Talvez por isso o democrata lamente a "amnésia coletiva" que diz ter-se apoderado dos americanos a um ano do fim do mandato de Obama.

Com o acordo na Cimeira do Clima em Paris ainda fresco na memória, quando se espera pela implementação do acordo sobre o nuclear iraniano e quando aguardamos uma eventual visita de Obama a Cuba em 2016, para os americanos a política externa parece não ser, contudo, o maior legado de Obama. Tim Sieber, professor na Universidade de Boston, acredita que o 44.º presidente será recordado "pelo Obamacare, sem dúvida". Para o académico, a reforma da segurança social, que garante seguro de saúde a todos os americanos, "está a funcionar bastante bem. É um feito notável".

Outro feito de Obama foi "evitar uma recessão maior, sem recorrer à austeridade e conseguir que a recuperação tenha sido mais forte nos EUA do que na União Europeia", explica Sieber. Em 2009, primeiro ano de Obama no poder, o PIB americano recuou 2,8%, tendo recuperado em 2010, com um crescimento de 2,5% - o mesmo previsto para este ano. Uma das consequências da recuperação é a queda da taxa de desemprego, que passou dos 10% para metade.

Para o mundo, se Obama tornou a imagem dos EUA mais simpática do que nos tempos de George W. Bush e "levou o país numa direção positiva, não tem sido muito ousado", admite Sieber. O professor acredita que o acordo com o Irão "acabará por ser o maior legado nesta área", quanto à normalização das relações com Cuba, Sieber admite que "falta ver se para Cuba vai ser mais positiva do que negativa. Para os EUA, é com certeza positiva". Já no Médio Oriente, Sieber e Pacheco recordam que foi Bush quem iniciou as guerras do Iraque e do Afeganistão. E que "pelo menos Obama tentou tirar-nos de lá". Quanto à Síria e ao Estado Islâmico, Pacheco sublinha que não é só problema de Obama ou dos EUA: "Quando se trata de terrorismo, não interessa em que país estamos." Quanto a encerrar Guantánamo, Obama tem ainda um ano para cumprir a sua primeira promessa.

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