Vistos, Venezuela, foguetões e troca de elogios no encontro de Bolsonaro e Trump
Depois de uma conversa de 20 minutos na Sala Oval e de um almoço na sala de jantar da Casa Branca, Donald Trump, dos EUA , e Jair Bolsonaro, do Brasil, foram ao Rose Garden dar uma declaração conjunta em que, pelo meio dos elogios mútuos, falaram, e muito, da Venezuela. "Intervenção militar? Todas as hipóteses estão em aberto", afirmou Trump. "Pôr a hipótese de ajudar os EUA nessa suposta intervenção? Isso é estratégico e se for divulgado deixa de ser estratégico, mas o Brasil está a postos", acrescentou Bolsonaro.
Nos intervalos da discussão sobre a questão venezuelana, o regime de Nicolás Maduro ou a autoproclamação de Juan Guaidó como presidente, que ambos os líderes reconhecem, os tais elogios mútuos. "Se os EUA optarem por colocar um democrata na presidência, simpático a ideias socialistas no poder, é assunto interno no qual não me intrometo, mas não me parece que isso vá acontecer, acredito na reeleição do senhor Trump", disse, a determinada altura, Bolsonaro. Trump interrompeu com um sonoro "concordo!", provocando risos.
O norte-americano já havia trocado piropos com o sul-americano antes. "Parabéns pela bravura ao resistir ao horrível atentado de que foi alvo", disse o anfitrião. O visitante agradeceu e destacou, entretanto, que "o Brasil tem agora um presidente que não é anti-EUA, um facto inédito, décadas", tentando atingir os antecessores, sobretudo Dilma Rousseff e Lula da Silva, ambos do PT. E Trump, que na mesma onda dos ataques domésticos aproveitou para deixar claro a sua antipatia para com o senador republicano já falecido John McCain em resposta a uma jornalista local, rematou: "Penso que, connosco, as relações entre os nossos países serão melhores do que jamais foram."
De resto, a imprensa brasileira insistiu nas contrapartidas americanas às duas cedências brasileiras muito faladas desde a véspera: a partir de agora, cidadãos dos EUA (e do Canadá, da Austrália e do Japão) não precisam de visto para entrar no Brasil. E, porém, a recíproca não é verdadeira. "Adoro a palavra reciprocidade", disse a determinada altura Trump, depois de anunciar que uma facilitação de vistos para brasileiros "está a ser estudada".
A outra cedência é da base de Alcântara, no Maranhão, considerada com condições ótimas para o lançamento de satélites e foguetes espaciais, aos EUA. O que ganha o Brasil com isso? Ao longo do encontro, Bolsonaro e Trump falaram, porém, de troca de conhecimento, de inovação, de tecnologia e de infraestrutura a esse propósito.