Tusk alerta quem quer "queimar pontes" e defende a Europa unida
O presidente reeleito do Conselho Europeu prometeu ontem "continuar a trabalhar" por consensos e a contribuir para uma Europa unida. O polaco Donald Tusk foi eleito contra a vontade do governo do seu próprio país, mas contou com o apoio de todos os outros governo da União Europeia.
No entanto, Tusk não se mostrou incomodado com a tentativa de boicote à sua reeleição levada a cabo pela primeira-ministra do seu país, Beata Szydlo, prometendo "proteger o governo polaco do isolamento político em Bruxelas".
O primeiro-ministro, António Costa destacou que Tusk "tem sido um bom ator e dinamizador de consensos" e a sua reeleição mostra que a União Europeia "não está disponível para ver contaminado o debate europeu por questões de política interna". "Fazemos uma avaliação globalmente positiva do trabalho de Donald Tusk que tem procurado construir pontes entre os diferentes Estados-Membros (...) num contexto em que, como todos sabemos, tem sido difícil, para a União Europeia", afirmou António Costa.
Antes da eleição, Beata Szydlo defendeu que o candidato ao Conselho teria de ser apoiado pela Polónia, mas os outros governos rejeitaram a posição da polaca. Szydlo afirmou que "todas opiniões devem ser respeitadas, mas aqueles que se opõem à Polónia dividem a Europa".
Na conferência de imprensa que se seguiu à sua reeleição, Tusk, que foi primeiro-ministro da Polónia entre 2007 e 2014, deixou ainda um aviso: "Cuidado com as pontes que se queimam, pois não podem ser reconstruídas". Segundo presidente do Conselho Europeu desde a criação do cargo, em 2009, Tusk assumiu pela primeira vez funções em 2014, substituindo do belga Herman Van Rompuy, e cumprirá o seu segundo mandato até 2019.
Ainda ontem, a primeira-ministra britânica, Theresa May, reafirmou a intenção de desencadear formalmente a saída do Reino Unido da União Europeia, até ao final de março. Hoje, os líderes europeus voltam a reunir-se de forma informal, para debaterem a "Europa do futuro". No encontro ficará decidida a estrutura da declaração de 25 de março, em Roma.
Segundo um documento que circulou ontem em Bruxelas, a declaração será muito cautelosa na linguagem, sem referências a uma União com múltiplas velocidades, como é admitido no Livro Branco apresentado por Juncker, no qual expõe os cinco cenários possíveis, para a Europa do Futuro. Esta seria a opção preferida pelo grupo de Versalhes, composto pela Alemanha, França, Itália e Espanha.
Uma Europa com diferentes velocidades é porém criticada, por especialistas em Bruxelas, por ser considerado apenas um cenário. "As diferentes velocidades será sempre um instrumento e não um fim em si próprio", defende o diretor de estudos do European Policy, Janis A. Emmanouilidis. Para ele, "o cenário deve dizer qual é o objetivo, quando se usam as diferentes velocidades para lá chegar. Mas isso exigirá vontade política. E, isso é algo que continua a faltar".
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