Trump visita Reino Unido em junho. População já marcou manifestação
"O Presidente dos Estados Unidos da América, o Presidente Donald J. Trump, acompanhado pela Sra. Melania Trump, aceitou o convite de Sua Majestade, a Rainha para realizar uma visita de Estado ao Reino Unido", foi assim que, esta terça-feira, o Palácio de Buckingham anunciou a visita de Trump ao país. Esta declaração já esta a gerar polémica: ativistas anti-Trump já marcaram um protesto para o dia 4 de junho contra a visita do presidente americano que irá decorrer de 3 a 5 de junho.
"O Reino Unido e os Estados Unidos têm uma parceria profunda e duradoura que está enraizada na nossa história comum e interesses compartilhados" disse May, ao The Guardian. Um porta-voz da Casa Branca defendeu que Trump será bem recebido. "Esta visita de Estado reafirmará a relação firme e especial entre os Estados Unidos e o Reino Unido. Além de se encontrar com a rainha, o presidente participará de uma reunião bilateral com a primeira-ministra, Theresa May. "
Em 2018, pouco depois de Trump assumir a presidência, Theresa May convidou-o a visitar o país para uma visita de Estado. O encontro acabou por ser adiado pela primeira-ministra, visto ter sido May a visitar Trump, tornando-se a primeira líder estrangeira a visitar a Casa Branca durante a sua presidência.
Em julho de 2018, foi a vez do presidente americano visitar Inglaterra, mas de forma não oficial. A sua visita foi anunciada como uma visita de trabalho, onde Trump se encontrou com a primeira-ministra Theresa May e esteve com a rainha Isabel II no castelo de Windsor.
Logo nessa altura, milhares de pessoas protestaram pelas ruas contra a presença de Trump. A Praça do Parlamento foi enfeitada com um balão de quatro metros de altura, apelidado de "bebé Trump". O balão, todo cor de laranja, representava o presidente com uma cara de poucos amigos e um telemóvel na mão, remetendo às constantes partilhas do presidente na sua conta de Twitter.
Durante a visita a Inglaterra, que custou 18 milhões de euros em medidas de segurança aos britânicos, uma das entrevistas de Trump gerou polémica. Alegadamente, comentou o trabalho de May sobre o Brexit, em entrevista ao The Sun, e afirmou não concordar com a atitude da primeira-ministra. O presidente disse ter aconselhado May sobre o que fazer e criticou-a por esta ter optado por não seguir as suas opiniões sobre como negociar com a Europa. Apesar de mais tarde, Trump ter negado a publicação dada pelo The Sun, as afirmações causaram um mau clima entre o presidente americano e a primeira-ministra britânica.
Agora, horas depois do anuncio já existem várias pessoas a criticar a visita de Trump e afirmarem que este não será bem recebido. "És odiado e refletes mal o nosso grande país" afirma Jasmine, uma americana que vive no Reino Unido, na sua conta de Twitter. "Queres saber o quão odiado és? Vem ao Reino Unido. Os protestos vão fechar Londres", acrescenta.
Também o presidente da câmara de Londres, Sadiq Khan mostra não morrer de amores pelo presidente americano. Quando Trump disse, em janeiro do ano passado, que não iria visitar Inglaterra e justificou-se dizendo que não estava nos seus planos abrir uma nova embaixada dos EUA, Khan confessou que achava que Trump estava a desmarcar a visita por sentir que não era bem-vindo.
Khan é o primeiro presidente muçulmano da cidade de Londres e já criticou publicamente algumas atitudes e medidas tomadas por Trump, como a proibição da entrada de muçulmanos na América proposta pelo presidente e já sugeriu publicamente que May não deveria receber Trump.
Emily Thornberry, secretária de Estado das Relações Internacionais confessou ser contra a visita de Trump e contra o pedido de May. "É difícil acreditar que no mesmo dia em que Donald Trump está a ameaçar vetar uma resolução da ONU contra a violação como arma de guerra, Theresa May está a apressar os seus planos para homenageá-lo com uma visita de Estado ao Reino Unido" declarou.
"Este é um presidente que agrediu sistematicamente todos os valores compartilhados que unem os nossos dois países e, a não ser que Theresa May finalmente o enfrente e se oponha a esse comportamento, ela não deve desperdiçar o dinheiro dos nossos contribuintes na cerimónia e nos gastos de segurança que serão necessários com essa visita".