Protestos esperam Trump na visita a El Paso e Dayton

O presidente dos EUA, Donald Trump, desloca-se esta quarta-feira a El Paso, sul do Texas, quatro dias após o tiroteio protagonizado por um supremacista branco que provocou 22 mortos, incluindo nove mexicanos, e 26 feridos.
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Em El Paso, uma cidade fronteiriça com o México e com larga população de origem latino-americana (hispânica), as opiniões dividem-se sobre a deslocação do chefe da Casa Branca, acusado por diversos setores de fomentar o ódio racial nos seus discursos.

A determinação de Trump em combater o extremismo continua a ser questionada por parte da população, como o ex-presidente democrata Barack Obama, que optou por se pronunciar na segunda-feira para apelar à rejeição - mas sem nomear diretamente o seu sucessor - dos discursos que "normalizam" o racismo.

"Agora não é o momento", disse David Nevarez, que esteve num memorial em El Paso em memória das vítimas. "Não precisamos de ninguém a abanar as chamas do ódio, da raiva e do racismo. Já há bastante neste mundo", atirou.

Ao sair da Casa Branca, Trump acusou os críticos de estarem à procura de "ganhos políticos". Defendeu ainda que não existe "apetite político" para proibir as armas de assalto, mas há "grande apetite por verificações de antecedentes" antes da compra das armas.

Kellyanne Conway, conselheira do presidente, denunciou na terça-feira a "politização dos tiroteios" do passado fim de semana pela oposição e assegurou que Trump "está empenhado em juntar o país".

O responsável local do Partido Republicano, Adolpho Telles, manifestou-se mais cauteloso face à vista do chefe da Casa Branca, cujas "boas ideias" não são "sempre acompanhadas" de frases "apropriadas".

Cerca de 13 horas depois do ataque em El Paso, na cidade de Dayton, Estado do Ohio, outro homem, de 24 anos, matou nove pessoas e feriu outras 27, incluindo a sua própria irmã. O atirador seria morto no local pela polícia cerca de um minuto depois de ter começado a disparar.

Também em Dayton, a visita de Trump suscita reações de protesto. "Trump fez esta cama e agora tem que mentir nela. A sua retórica tem sido dolorosa para muitos na nossa comunidade", afirmou esta terça-feira a prefeita de Dayton, Nan Whaley, acrescentando que vai apoiar os protestos anti-Trump.

"Olhando o que o presidente tem dito nos últimos anos sobre a questão das armas, eu não sei se ele sabe no que acredita, francamente." "Não o queremos aqui nem à sua retórica de ódio", disse a ativista Megan Baxter, citada pelo The Washington Post .

Nesta cidade do Ohio, cujo nome foi trocado por Donald Trump durante a intervenção de segunda-feira na Casa Branca (o presidente norte-americano referiu-se a Toledo), está a ser organizada uma manifestação com um balão gigante "Baby Trump" para expressar o descontentamento com a retórica antiimigrante do presidente, que foi repetida pelo atirador que matou 22 pessoas em El Paso.

E enquanto o motivo do homem que matou nove pessoas em Dayton ainda não está claro, o silêncio de Trump sobre a questão das armas tem sido criticado pelas autoridades locais que querem ação para evitar mais massacres, conta o jornal norte-americano.

Pena de morte para punir crime de ódio

As autoridades nos EUA já definiram o ataque em El Paso protagonizado por Patrick Crusius, um branco de 21 anos, e que foi detido, como um "crime de ódio" e o procurador local anunciou que vai ser solicitada a pena de morte.

Na segunda-feira, Trump pediu pena de morte para os autores dos tiroteios, apelando para que a execução seja feita rapidamente.

"Ordenei ao Ministério da Justiça que proponha uma lei que garanta que aqueles que cometem crimes de ódio e assassínios em massa sejam punidos com a pena de morte e que a pena de morte seja implementada rapidamente, decisivamente e sem demora", afirmou na Casa Branca.

Classificando os tiroteios como "crimes contra a humanidade", o Presidente dos EUA defendeu que o país deve condenar a ideologia da supremacia branca, considerada como ponto de origem de um dos tiroteios.

Trump exortou também os congressistas Republicanos e Democratas a aprovarem regras mais restritivas de verificação de antecedentes de quem queira comprar armas de fogo, sugerindo, porém, que tais medidas devem estar ligadas a uma reforma migratória.

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