Trabalhador ferroviário torna-se herói em incêndio que fez 25 mortos
Chama-se Mohamed Abdel Rahman, tem 32 anos, e é considerado o herói do incêndio que deflagrou na quarta-feira na principal estação do Cairo, capital do Egipto, provocado 25 mortos e dezenas de feridos. Como não tem internet no telemóvel, o trabalhador ferroviário só soube pelos amigos que foi apanhado pelas câmaras de vigilância a socorrer pessoas em chamas, e que o vídeo se tornou viral.
Segundo a CNN, o ato heroico aconteceu no decorrer do incêndio, que terá sido provocado pela explosão de um tanque de combustível de um comboio que seguia para a estação de Ramses e que bateu na plataforma.
Mohamed Abdel Rahman diz que não foi o único a ajudar, mas é o seu rosto que aparece nas imagens, pelo que mais ninguém teve a mesma atenção. De acordo com os media locais, se não fosse a intervenção da população, o número de mortos poderia ter sido bastante superior.
"Este é o verdadeiro herói, que salvou as pessoas que estavam a arder. O herói Mohamed Abdel Rahman", escreveu Magdy Naeem no Twitter.
"Tudo aconteceu em três a cinco minutos. Eu não pensei naquele momento. Apenas reagi como qualquer pessoa o faria nesta situação", afirmou, citado pela CNN. Segundo o trabalhador, era uma das pessoas mais próximas do acidente, pelo que não pensou duas vezes antes de prestar auxílio às vítimas.
Abdel Rahman pegou na água que tinha ao pé de si e correu para "ajudar as pessoas que estavam a gritar". Além da água, usou também um cobertor que um colega lhe arranjou para cobrir algumas mulheres.
Em declarações à CNN, o homem não soube precisar quantas pessoas ajudou a salvar, nem se todos os que ajudou estão vivos. "Havia muitas pessoas mortas. Nós evacuámos uma criança pequena dos caminhos-de-ferro. Ele estava morto", contou, recordando que colocaram um cobertor por cima do menino, e levaram-no para cima da plataforma.
Abdel considera que, na pequena vila onde vive, em Sharkia, as suas ações teriam sido consideradas "normais". "Eu sou de uma aldeia onde, quando há um incêndio, não esperamos pelos bombeiros. Todos na aldeia vão ajudar", contou.
De acordo com a ministra da Saúde do Egipto, Hala Zayed, muitos dos feridos encontravam-se em estado crítico, com queimaduras de segundo e terceiro graus.
Este está longe de ser um caso isolado no Egipto, um país com um longo historial de acidentes semelhantes. Em 2002, por exemplo, um incêndio num comboio de passageiros provocou a morte de 320 pessoas.