#TodosPelaAmazonia. Brasileiros protestam nas ruas e várias personalidades nas redes sociais

Estão marcadas para este fim de semana manifestações em várias cidades do Brasil. Portugal também vai mostrar-se solidário pela preservação da Amazónia. As vozes contra a destruição do pulmão do planeta fazem-se ouvir nas redes sociais, com personalidades como Leonardo Di Caprio, Gisele Bündchen e Cara Delevingne a alertar para o que está a acontecer na maior floresta tropical do mundo.
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A Amazónia continua a arder e as palavras do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, incendiam o debate mundial pela preservação da maior floresta tropical do mundo. As imagens dos fogos naquela que é considerada a área do planeta responsável pela produção de 20% de oxigénio na atmosfera terrestre está a mobilizar a sociedade civil. Estão marcadas para este fim de semana manifestações em várias cidades brasileiras. O ponto alto dos protestos deverá acontecer no domingo, no Rio de Janeiro.

É nas redes sociais que está a surgir o apelo à mobilização dos brasileiros. Além do Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Curitiba e Brasília são algumas das cidades que vão servir de palco dos protestos contra o desmatamento na Amazónia e pela preservação deste "pulmão" do planeta.

Para domingo, o movimento 342 Artes, liderado pela produtora Paula Lavigne, que conta com vários artistas brasileiros, está a promover uma marcha no Rio de Janeiro, marcada para o início da tarde de domingo na praia de Ipanema. O lema é #TodosPelaAmazonia e quer levar os brasileiros "com roupas verdes" a marcharem em defesa da floresta.

Lisboa junta-se ao protesto

"Não podemos esperar mais para defender a Amazónia", lê-se na página de Facebook do movimento. "Vá vestido com roupas verdes e leve seu cartaz. Evento para toda a família. Crianças são bem-vindas. Leve seus amigos, amigas, vizinhas e vizinhos. Todos precisam de oxigénio", apela o 342 Artes.

Um dia depois, na próxima segunda-feira, dia 26, é a capital portuguesa que se junta ao movimento com a concentração #LisboaPelaAmazonia marcada para a Praça Luís de Camões, entre as 18:00 e as 21:00. "Após uma onda de incêndios criminosos que está a devastar a Amazónia nas últimas três semanas, concentrações e manifestações estão a ser convocadas em todo o mundo para denunciar esta tragédia e exigir que se tomem medidas com urgência", lê-se na página do evento na rede social.

A comunidade brasileira em Sydney, Austrália, está também a organizar uma marcha para domingo em defesa da floresta.

E enquanto são esperadas milhares de pessoas nas ruas de várias cidades do mundo, as vozes contra o que está a acontecer já são bem altas nas redes sociais.

Personalidades de várias áreas, como atores, modelos, cantores e políticos, têm manifestado preocupação sobre o desmatamento e os incêndios que estão a destruir a maior floresta tropical do mundo. É o caso de Leonardo Di Caprio, uma das celebridades que usou as hastag #PrayForAmazonia para partilhar o alerta da ONG Rainforest Alliance de que "os pulmões da Terra estão a arder".

O ator norte-americano já tinha partilhado uma mensagem do ambientalista Nick Rose em que se questiona a falta de cobertura pela comunicação social dos incêndios que já duram há mais de duas semanas.

A manequim brasileira Gisele Bündchen, defensora acérrima da natureza, pede que não se fechem os olhos ao que está a acontecer. "A floresta tem um papel fundamental no equilíbrio do clima na Terra e, consequentemente, nas nossas vidas. Não podemos fechar os olhos para o que está a acontecer na Amazónia. As queimadas crescentes destroem em dias o que a natureza leva anos, séculos para construir. Eu já estive lá e pude ver de perto como tudo acontece, especialmente como os oportunistas se aproveitam da época das secas para deitar a floresta abaixo", denuncia a modelo no Instagram, onde deixou um apelo. "O desmatamento na Amazónia tem que parar!! Pela nossa saúde e pela saúde do nosso Planeta!".

Já no Twitter, Bündchen apelou à assinatura de uma petição da Greenpeace. "Salvem a Amazónia e permaneçam com os guardiões da floresta. Assine a petição agora e proteja as terras das comunidades indígenas e tradicionais", pediu a top model.

Protesto da Greenpeace pela Amazónia surpreende em Amesterdão

A atriz brasileira Taís Araújo afirma que "já passou da hora de nos importarmos e salvarmos o que ainda nos resta do amanhã. Falar sobre isso é apenas o primeiro passo". Um alerta à proteção do meio ambiente que sobe de tom com as imagens dos incêndios na Amazónia. "Nem sei mais se podemos falar em 'futuro', uma vez que já estamos a testemunhar as consequências do descuido das nossas ações e políticas públicas ou a falta delas", escreveu a atriz.

A manequim e atriz Cara Delevingne também fez questão de partilhar imagens dos incêndios na maior floresta tropical do mundo. "A Amazónia está a arder há três semanas e só agora fiquei a saber pela falta de cobertura dos media. A Amazónia é um dos ecossistemas mais importantes da terra. Espalhem a informação", pediu no Instagram.

Em Portugal, as reações também não se fizeram esperar. A atriz Cláudia Vieira, por exemplo, recordou a viagem que fez à Amazónia, "aquela força da natureza". "Só pensava: 'quero levar daqui os meus pulmões bem repletos de oxigénio'", lembrou. Lamentou que pela "estupidez do ser humano é devastado o que mais precisamos para viver neste nosso mundo". "Que impotência, revolta, tristeza sinto, pela ganância do homem", rematou a atriz portuguesa.

A fadista Mariza publicou uma das imagens dos fogos que estão a assolar esta região do Planeta e escreveu: "Peço perdão aos meus filhos e aos vossos. A todas as gerações futuras por tamanha ignorância e ganância de alguns seres humanos.
Mil perdões".

O músico Pedro Abrunhosa, o ator Nuno Lopes, o humorista António Raminhos estão entre as figuras públicas portuguesas que também juntaram a sua voz à de tantos no mundo pela defesa da Amazónia.

Na Holanda, a defesa pela floresta fez-se de uma forma que surpreendeu em Amesterdão. As letras de "I amsterdam", ponto turístico da cidade, junto do qual milhares de pessoas de todo o mundo tiravam fotos, foi removido no final do ano passado, ao fim de 14 anos em frente ao Museu Nacional de História e Arte, o Rijksmuseum. No seu lugar foi colocado outro painel mas com as letras que formavam "I amazonia", uma ação de protesto da Greenpeace realizada em junho deste ano.

"É só quando uma coisa desaparece é que percebemos o quanto sentimos falta. A icónica placa atraiu a admiração e as lentes das câmaras de milhões de pessoas em todo o mundo. Ao trazê-la de volta como 'Iamazonia', o Greenpeace não apenas pede a proteção urgente da maior floresta tropical remanescente no mundo, mas também envia uma forte mensagem de solidariedade ao povo indígena e comunidades tradicionais que protegem a Amazónia contra o desmatamento", afirmou Sigrid Deters, da Greenpeace Holanda.

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