Título de jornal contra gays: Di Maio congratula-se com corte de apoio aos media
"Volume de negócios e PIB em queda, mas aumentam os gays." O título de primeira página do jornal italiano Libero voltou a causar polémica em Itália, com o vice-primeiro-ministro e ministro do Desenvolvimento Económico, do Trabalho e das Politicas Sociais, Luigi di Maio, a aproveitar para se vangloriar com o corte dos fundos públicos aos jornais. "Fizemos bem ou não em cortar os fundos para jornais como este?", escreveu nas redes sociais.
O Libero é um jornal de direita publicado em Milão, fundado há 18 anos por Vittorio Feltri (um jornalista que em 2015 foi candidato da Liga Norte e dos Irmãos de Itália à presidência italiana). Acima do título da primeira página de hoje, lê-se: "Há pouco para estar contente" e, por baixo: "Três empresários em quatro fogem dos recibos eletrónicos e a economia sofre. Os únicos que não sentem a crise são os homossexuais: não param de crescer."
Uma primeira página que causou polémica, com o vice-primeiro-ministro Di Maio, líder do Movimento 5 Estrelas (esquerda), a ser um dos críticos. "Fizemos bem ou não em cortar os fundos para jornais como este? Eles vão escrever estas idiotices sem um euro de fundos públicos. Vito Crimi [subsecretário de Estado para a presidência do Conselho de Ministros com a pasta dos Media] iniciou o procedimento que cancelará o financiamento público nos próximos três anos", escreveu no Facebook.
Crimi, que também é do Movimento 5 Estrelas, também já reagiu: "Sinto aversão pelo título do jornal Libero, um jornal que recebe fundos públicos que primeiro publicou títulos racistas e agora hoje homofóbicos. Vou imediatamente lançar uma investigação interna para examinar a possibilidade de bloquear a entrega dos fundos a um jornal que ofende a dignidade de todos os italianos e fere a democracia. Espero que o jornalismo que vê em nós um inimigo, faça ouvir a sua voz. Aqueles que destroem a credibilidade da imprensa são alguns dos próprios jornalistas", indicou, citado pela Rai.
Este não é o primeiro título polémico do Libero que, a 11 de janeiro, escreveu "mandam os terrone", um termo depreciativo em italiano para designar os habitantes do sul do país: "[Sérgio] Mattarella presidente, [Giuseppe] Conte primeiro-ministro e [Roberto] Fico presidente da Câmara dos Deputados são oriundos do Sul", escrevia o jornal, dizendo que outros altos funcionários do Estado eram dessa região italiana e que era por isso que o trabalho de Matteo Salvini, vice-primeiro-ministro e ministro do Interior, da Liga Norte, "tem tudo contra".