Atirador de El Paso: "Queria matar o maior número possível de mexicanos"
A "Verdade Inconveniente". Em quatro páginas publicadas online minutos antes de entrar no supermercado Walmart no sul de El Paso um jovem branco chamado Patrick Crusius justifica o que ia fazer: matar o maior número de pessoas que encontrasse. Este sábado, entrou armado no recinto e matou 20 pessoas e feriu 26 antes de ser detido pela polícia.
Quando foi detido disse às autoridades que queria "matar o maior número possível de mexicanos".
Ainda não tinham recuperado deste ataque - considerado o oitavo mais sangrento nos EUA desde que há registos - e os norte-americanos já estavam a ver noticias sobre outro tiroteio com vítimas mortais. Desta vez na cidade de Dayton (Ohio) em que um atirador, que foi morto pelas autoridades, matou nove pessoas e feriu 16 junto a um bar. Neste caso as motivações ainda estão a ser investigadas pelo FBI.
Estes dois ataques voltaram a trazer para a discussão pública norte-americana a questão dos massacres no país. De acordo com o The Whashington Post desde 1966 foram mortas 1185 pessoas (189 criança e adolescentes) em situações como as duas que atingiram o país neste fim de semana.
O tiroteio em massa de sábado em El Paso terá sido o oitavo mais sangrento nos EUA e teve como motivação um crime de ódio.
Em El Paso a decisão de Patrick Crusius foi clara: ele está contra o que chama "a invasão do Texas pelos hispânicos." Por isso, escreveu um longo texto com seis capítulos: "Sobre mim", "razões políticas", "razões económicas", "armas [as que usa]", "reações dos imigrantes" e "razões pessoais".
Foram estes escritos que a polícia encontrou e onde leu um manifesto contra os imigrantes e hispânicos, culpando imigrantes e americanos de primeira geração por tirar aos norte-americanos os empregos mais qualificados, terem garantidos lugares nas universidades e misturar culturas nos EUA.
O documento que a polícia acredita que o suspeito escreveu foi publicado no 8chan, uma plataforma de mensagens on-line recheada de conteúdo racista. Segundo a CNN, o documento terá sido posto online menos de 20 minutos antes de a polícia receber as primeiras chamadas sobre o tiroteio.
"Neste momento temos um manifesto desse indivíduo que indica um nexo com um possível crime de ódio", disse Greg Allen, chefe de polícia de El Paso, em conferência de imprensa.
Patrick Crusius é natural de Allen, perto de Dallas, no Texas, atuou sozinho e a arma que utilizou foi apreendida. De acordo com os seus vizinhos que falaram com o Los Angeles Times Patrick era "um solitário. Não falava com ninguém".
Para o FBI, no entanto, mais investigações são necessárias antes de determinar que o tiroteio em massa foi um crime de ódio. "Para já, é uma investigação de assassinato", disse Emmerson Buie, agente especial do FBI El Paso, citado pela CNN. "Há potencial para uma série de outras acusações, e estamos a analisar todas as provas para determinar isso", acrescentou.
Mesmo antes do primeiro balanço oficial, através de uma mensagem no Twitter, o Presidente dos EUA, Donald Trump, qualificou de "terrível" o tiroteio, referindo-se a "muitos mortos".
"Terrível tiroteio em El Paso. As informações são muito más, há referência a muitos mortos", referiu na mensagem. "Falei com o governador" do Texas, Greg Abbott, para lhe "transmitir o apoio do governo federal", acrescentou o inquilino da Casa Branca.
Já na madrugada deste domingo, pelas 1.20 (6.20 em Portugal Continental), um indivíduo cuja identificação a polícia não divulgou matou nove pessoas e feriu 16 junto a um bar na cidade norte-americana de Dayton.
Segundo a CNN os 16 feridos foram transportados para o Hospital Miami Valley, mas nem as autoridades nem a porta-voz da unidade de saúde deram pormenores sobre os ferimentos.
A estação de televisão cita Elizabeth Long, porta-voz do Kettering Health Network, rede de cuidados de saúde que gere o hospital cujo serviço de urgência recebeu os feridos, que confirmou a entrada na unidade dos feridos mas sem adiantar mais dados.
O tiroteio ocorreu na área da East 5th Street, no distrito de Oregon, a oeste do centro de Dayton, para onde se dirigiram vários polícias e ambulâncias, como mostram as imagens da estação de televisão ABC22/FOX45.
Segundo o site Heavy.com a polícia procura agora "perceber a motivação" do atirador. O adjunto da polícia local Matt Carper explicou aos jornalistas que o "suspeito disparou várias vezes e provocou múltiplas vítimas". Acrescentou que as famílias das vítimas já estão a receber apoio.
Também já foi divulgado um número de telefone para possibilitar a quem assistiu ao tiroteio ou tiver alguma informação que considere relevante possa contactar as autoridades.
Na rede social Twitter surgiram já imagens gravadas por telemóvel do momento em que se iniciou o tiroteio como estas publicas por Paula Evans.