Motim em prisão brasileira faz 57 mortos. Há presos decapitados

Luta entre organizações criminosas rivais na prisão de Altamira, no Pará, norte do Brasil, cria nova tragédia penitenciária no país. Maioria das mortes foram por asfixia mas há 16 presos decapitados.
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Presos do Centro Regional de Altamira, no Pará, no norte do Brasil, provocaram uma rebelião de cinco horas que resultou em 57 mortes, segundo balanço avançado ao fim da noite. A tragédia começou por volta das 11 e terminou cerca das 16, horas de Lisboa, quando os presos do bloco A encurralaram os presos de outro bloco, trancaram as salas e atearam fogo no local.

No total, serão 16 mortos por decapitação e 41 por asfixia em decorrência do fumo durante as cinco horas em que esse bloco esteve fechado. O secretário do governo, Jarbas Vasconcelos Carmo, confirmou esses números e revelou há pouco que está muito quente ainda dentro do presídio, o que está a dificultar a remoção de corpos. Vídeos feitos no interior do estabelecimentos e obtidos pela Record TV Belém mostram presos desferindo chutos em cabeças decapitadas de outros presos.

Dois guardas prisionais foram feitos reféns durante a rebelião mas acabaram por ser soltos após negociação. O Grupo Tático Operacional da Polícia Militar, o Ministério Público e a Polícia Civil participaram das negociações para a liberação dos reféns.

As razões da tragédia são lutas entre organizações criminosas rivais, nomeadamente o Primeiro Comando da Capital, com base em São Paulo, o Comando Vermelho, com base no Rio de Janeiro, e outros grupos locais aliados a uma ou a outra organização.No caso específico de Altamira, a luta maior era entre o Comando Vermelho e o Comando Classe A, com sede no Amazonas. "Mas nós não tínhamos relatório da nossa inteligência apontando um possível ataque, desta magnitude", argumentou Jarbas Vasconcelos Carmo.

A unidade é antiga e, segundo a superintendência de segurança local, 372 presos numa cadeia com presídio para 208.

Em maio deste ano, houve uma rebelião num estabelecimento prisional do Amazonas, em que morreram 55 presos. Só de 2014 a 2017, 6368 homens e mulheres morreram em penitenciárias do país, uma média superior a quatro mortes por dia, das quais apenas 57% foram consideradas por causas naturais, segundo estudo do jornal O Globo. Um levantamento do site G1 concluiu que o Brasil somou perto de 400 mortes violentas em prisões - mais de uma por dia - apenas em 2016, ano anterior à atual onda de massacres.

Notícia atualizada às 23:59 com último balanço de vítimas mortais

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