"Queremos uma América do Sul grande e não uma América bolivariana"

Presidente do Brasil convida investidores e turistas a olharem com outros olhos para o seu país. Falando no Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça, Jair Bolsonaro garantiu que as ideologias partidárias não interferirão nos negócios e prometeu que o seu governo irá defender os valores da família e aquilo que diz serem os verdadeiros direitos humanos
Publicado a
Atualizado a

Jair Bolsonaro começou por se confessar emocionado e honrado por se dirigir a uma plateia tão seleta como a do fórum de Davos. "Essa viagem é uma grande oportunidade de mostrar ao mundo o momento em que vive o meu país. O Brasil precisa de vocês e vocês precisam do Brasil. Temos o compromisso de mudar a nossa história. Pela primeira vez no Brasil um presidente montou um governo de ministros qualificados. Quando no passado apenas se gerou corrupção", afirmou o chefe do Estado brasileiro, que está a realizar a sua primeira viagem ao estrangeiro.

Convidando os estrangeiros a visitarem o país com as suas famílias, sublinhando atrações como a Amazónia ou o Pantanal, afirmou: "O Brasil é um paraíso, mas ainda muito pouco conhecido, queremos agilizar a preservação da biosfera com o desenvolvimento económico. Queremos parceiros, com tecnologia. Vamos diminuir a carga tributária, facilitar a vida de quem quer investir, gerar empregos".

Na primeira deslocação para fora do Brasil desde que no dia 1 se tornou o 38.º presidente do do Brasil, Bolsonaro declarou: "Trabalharemos pela estabilidade macroeconómica e equilibrando as contas públicas. [Defendemos] a reforma da OMC para eliminar práticas desleais de comércio. Vamos abrir a economia. Vamos defender os valores da família e os verdadeiros direitos humanos, protegeremos o direito à vida e à propriedade privada, procurando, pelo conhecimento, reduzir a pobreza e a miséria".

Após o discurso de cerca de 8 minutos, o presidente brasileiro, que tinha 45 minutos ao seu dispor, foi instado a concretizar como pretende reformar a economia brasileira e realizar um verdadeiro combate à corrupção no seu país. "Diminuir a participação do Estado, fazer reformas como a da Previdência e Tributária, tirar o peso do Estado de cima de quem produz, queremos investir na nossa Educação, retirar o viés ideológico dos nossos negócios. A questão ideológica ficará de fora. E, por isso, gostaríamos de oferecer aos senhores parcerias para o bem estar dos nossos povos". O líder brasileiro, eleito pelo partido Partido Social Liberal (PSL), garantiu que quando deixar o Palácio do Planalto o Brasil estará entre os 50 melhores países do mundo para se fazer negócios.

Após afirmar que as ideologias não interferirão nos negócios, mostrando abertura para todo o tipo de investidores, Bolsonaro, de 63 anos, foi questionado sobre as conversas que tem mantido com outros líderes latino-americanos e como está atualmente a situação na região. "No tocante ao Mercosul algo será aperfeiçoado, já conversei inclusive com o presidente da Argentina, Maurício Macri. Estamos preocupados em fazer uma América do Sul grande. Não queremos uma América bolivariana como até há pouco existiu no Brasil. A esquerda não prevalecerá nessa região. O que é muito bom, em meu entender, não só para a América do Sul mas para todo o mundo".

Uma mensagem que pode ser entendida como um recado, a nível interno, para o Partido dos Trabalhadores de Lula da Silva, Dilma Rousseff, Fernando Haddad e outros. E a nível externo, para o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Na mesma ocasião, o fundador e presidente executivo do Fórum Económico Mundial de Davos, o alemão Klaus Schwab, anunciou que o Fórum Económico Mundial para a América Latina de 2020 terá lugar no Brasil. E desejou as maiores felicidades ao presidente Bolsonaro.

Falando também em Davos, o ministro da Justiça brasileiro, Sérgio Moro, criticou a cultura da corrupção no Brasil e defendeu um pacto empresarial no Brasil contra subornos. Instado a comentar as investigações em torno de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, o ex-juiz que da Operação Lava-Jato recusou fazer comentários sobre este caso em concreto. E apenas deixou a garantia: "O governo tem discurso forte contra a corrupção e vem adotando práticas sobre algo que não feito em 30 anos no Brasil, que é não vender posições ministeriais na barganha pelo poder. E nomeou pessoas técnicas. O compromisso do governo é forte contra a corrupção".

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt