Quem são os 18 independentistas catalães que vão ser julgados?

Nos próximos meses vai começar o julgamento dos 18 independentistas catalães acusados por rebelião, sedição e peculato na organização do referendo de 1 de outubro de 2017 (ilegalizado pelo Tribunal Constitucional) e consequente declaração unilateral de independência da Catalunha
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Um ano depois da prisão de alguns dos mais importantes líderes independentistas catalães, o Supremo Tribunal espanhol decidiu levar a julgamento 18. Espera-se que o julgamento comece no início de 2019. Mas ainda não há data definida.

Os que não estarão sentados no banco dos réus são os acusados que se encontram fugidos. É o caso do ex-presidente da Generalitat, Carles Puigdemont, dos ex-conselheiros Tono Comín, Meritxell Serret, Clara Ponsatí e LLuis Puig, a dirigente da ERC Marta Rovira e a ex-porta-voz da CUP Anna Gabriel.

Entre os 18 que serão presentes à Justiça espanhola, oito encontram-se na cadeia, a aguardar julgamento.

Oriol Junqueras
Ex-vice-presidente da Catalunha

É talvez o nome mais sonante atrás das grades. Oriol Junqueras, de 49 anos, foi vice-presidente da Generalitat e mantém-se ainda até hoje como o presidente do partido Esquerda Republicana da Catalunha.

O seu percurso político começou em 2009, como eurodeputado, tendo sido eleito, dois anos depois, líder da ERC. Conseguiu unir o partido depois duma queda eleitoral e, entre 2011 e 2015, foi presidente da Câmara de Sant Vicenç dels Horts.

No governo autónomo catalão, no qual esteve entre janeiro de 2016 e outubro de 2017, tentou criar as Finanças da Catalunhal. Está preso por rebelião, sedição e peculato na organização do referendo de 1 de outubro de 2017 e consequente declaração unilateral de independência de uma República da Catalunha.

Raül Romeva
Ex-conselheiro para as Relações Externas da Catalunha

Ex-conselheiro catalão de Assuntos Exteriores, Relações Institucionais e Transparência, Romeva, de 47 anos, militou na Iniciativa per Catalunya Verds (ICV) desde 1989 até 2015. Nesse ano liderou como independentista a lista de Junts pel Sí (CDC e ERC) para as eleições autonómicas de 27 de setembro de 2015.

Eurodeputado, entre 2004 e 2014, quando chegou ao governo da Catalunha apoiou a internacionalização da causa independentista catalã e o lançamento das chamadas "embaixadas catalãs". Colaborou para a Unesco como consultor e trabalhou com eles na Bósnia-Herzegovina. Foi, além disso, observador eleitoral da OSCE.

Romeva é considerado por alguns como um dos novos heróis da causa independentista. Encontra-se igualmente em prisão preventiva por rebelião, sedição e peculato.

Jordi Turull
Ex-porta-voz do governo da Catalunha

Deputado no Parlamento catalão desde 2006, Turull, de 52 anos, foi militante da Convergência Democrática da Catalunha (CDC) e agora do Partido Democrata Europeu Catalão (PDeCAT).

Foi presidente do grupo parlamentar da Junts pel Si durante grande parte da legislatura, até assumir o cargo de porta-voz do governo autónomo catalão e de conselheiro da presidência. Foi proposto candidato à presidência da Generalitat depois das tentativas falhadas para indigitar Carles Puigdemont e Jordi Sánchez.

Turull encontra-se também em prisão preventiva acusado de rebelião, sedição e peculato

Josep Rull i Andreu
Ex-conselheiro do Território e Sustentabilidade da Catalunha

Advogado e político, militante de CDC desde 1989 e agora do PDeCAT, Rull i Andreu, de 49 anos, foi nomeado conselheiro do Território e Sustentabilidade por Carles Puigdemont, então presidente da Generalitat, em 2016.

É um dos maiores independentistas dentro do partido e continuou a ir para o seu escritório depois da aplicação do artigo 155.º da Constituição espanhola, ou seja, da suspensão dos poderes autonómicos da Catalunha em consequência da organização do referendo ilegal sobre a independência a 1 de outubro de 2017..

Rull e Andreu está acusado dos crimes de rebelião, sedição e peculato.

Joaquim Forn
Ex-conselheiro do Interior da Catalunha

Licenciado em Direito, Forn, de 54 anos, desenvolveu grande parte do seu percurso político na câmara de Barcelona, onde foi número dois da equipa do ex-autarca Xavier Trias.

Em julho de 2017 foi nomeado conselheiro do Interior para substituir a Jordi Jané na Catalunha. Eleito deputado nas últimas eleições autonómicas, renunciou ao seu lugar no parlamento para, eventualmente, facilitar uma possível saída da prisão.

Continua, porém, em prisão preventiva, acusado de rebelião, sedição e peculato.

Carles Mundó
Ex-conselheiro de Justiça da Catalunha

Advogado, 42 anos, Carles Mundó começou a sua carreira política com a ERC. Foi vereador em Gurb durante 16 anos. Em 2016 foi nomeado responsável máximo do departamento de Justiça de Carles Puigdemont.

Antes disso foi chefe do departamento de Educaão catalão e do departamento de Cultura e Meios de Comunicação. Também foi secretário de Meios de Comunicação da Generalitat e presidente da Agência Catalã de Notícias (ACN).

É um dos homens de confiança de Oriol Junqueras. O seu mandato esteve marcado pelas tensas relações com a Justiça por causa dos procedimentos abertos contra líderes independentistas. Está acusado de desobediência e pelucato.

Dolors Bassa i Coll
Ex-conselheira do Trabalho, Assuntos Sociais e Família da Catalunha

Professora, sindicalista e psicopedagoga, Bassa i Coll, de 59 anos, foi vereador em Torroella de Montgrí pela ERC. Secretária- geral da UGT na zona de Girona até entrar na lista da Junts pel Sí, pela qual foi eleita deputada, acabou por ser nomeada conselheira do Trabalho, Assuntos Sociais e Família.

Entre os seus desafios esteve travar o aumento das desigualdades e pôr a funcionar o princípio do rendimento mínimo garantido.

Está em prisão preventiva por rebelião, sedição e peculato.

Meritxell Borràs i Solé
Ex-conselheira da Governação, Administração Pública e Habitação

Filha de Jacint Borràs, um dos fundadores da CDC, milita no partido desde muito nova e já teve vários cargos nele.

Foi vereadora na câmara Municipal de Hospitalet e deputada na Diputación Provincial de Barcelona. No tempo em que o presidente da Generalitat era Artur Mas foi nomeada conselheira da Governação, Administração Pública e Habitação, mantendo-se no mesmo cargo depois já com Carles Puigdemont.

Foi a primeira conselheira a ser acusada pela procuradoria pela compra de urnas para o referendo de 1 de outubro. Borràs acompanhou o então presidente Puigdemont até Bruxelas, na Bélgica, país onde se encontrada refugiado até hoje.

Meritxell Borràs i Solé está acusada dos crimes de desobediência e peculato

Jordi Sànchez
Presidente da Assembleia Nacional Catalã

Licenciado em Ciências Políticas, Sànchez, de 54 anos, foi membro da Crida per la Solidaritat, uma associação muito ativia nos anos 1980 e com boas relações com os bascos do Herri Batasuna.

Foi conselheiro da Corporação Catalã de Rádio e Televisão e diretor adjunto da fundação Jaume Bofill, a qual chegou a dirigir durante nove anos. Colaborou periodicamente com vários meios de comunicação.

Em 2015 substitui Carme Forcadell na presidência da Assembleia Nacional Catalã e tem sido um dos motores do projeto independentista. Está em prisão preventiva acusado de rebelião.

Jordi Cuixart
Líder da Òmnium Cultural

Cuixart, de 42 anos, é o atual líder de Òmnium Cultural, onde entrou em 1996 e ocupou diferentes cargos: tesoureiro, vice-presidente e, desde 2015, presidente, em substituição de Quim Torra.

Como empresário, fundou a Aranow Packaging Machinery, da qual é diretor geral, sendo também membro do Centro Metalúrgico de Catalunha e fundador da fundação privada de empresários FemCAT.

Está em prisão preventiva por rebelião. Em entrevista por email ao DN, publicada a 16 de outubro, disse que este ano de cadeia ainda reforçou mais as suas convições: "Acima de tudo ganhei consciência sobre mim mesmo e a força das nossas decisões e das nossas ações. As minhas convicções democráticas ficaram fortalecidas. O despropósito da repressão contra os cidadãos levou-me a estar mais preparado hoje do que há um ano para defender, até às últimas consequências, as minhas profundas convicções democráticas e pacifistas. Eu devo isso a um ano na cadeia"

Carmen Forcadell
Ex-presidente do Parlamento catalão

Política, filóloga, professora e ativista. Forcadell, de 63 anos, trabalhou como assessora de língua e coesão social (LIC) no Departamento de Educação da Generalitat da Catalunha entre 1985 e 2015. É autora de livros sobre pedagogia, língua e literatura e de um dicionário. Colaborou em vários media com publicações sobre planificação linguística, língua e identidade.

Militante do partido ERC, pelo qual foi vereadora em Sabadell, foi eleita, em 2012, presidente da ANC e foi uma das vozes da organização na manifestação "Catalunha, novo Estado da Europa".

Em outubro de 2015, foi eleita presidente do Parlamento da Catalunha e, nessa condição, dois anos depois validou a declaração de independência unilateral catalã. Está em prisão preventiva por rebelião.

Santi Vila
Ex-conselheiro das Empresas e Conhecimento da Catalunha

Historiador e político, militante do PDeCAT, o percurso político de Santi Vila, de 45 anos, começou com ERC. Passou depois para o CDC e foi presidente da câmara de Figueres pela Convergência e União (CiU).

Em 2012 Artus Mas nomeou-o conselheiro do Território e Sustentabilidade da Generalitat e em 2016, com Puigdemont, mudou-se primeiro para a pasta da Cultura e, posteriormente, para a das Empresas e Conhecimento.

Antes da declaração unilateral da República da Catalunha renunciou ao seu cargo. Acusado por desobediência e peculato, Santi Vila pagou um depósito de 50 mil euros que lhe permitiu passar apenas uma noite na prisão.

Mireia Boya
Ex-deputada catalã

Cientista, política e ativista, Mireia Boya tem 39 anos. É consultora e professora associada do Departamento de Humanidades da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona, capital da Catalunha.

Fundadora e ex-coordenadora da ANC em Val d'Aran e conselheira na cidade de Les for the Corròp. Em 2015 foi candidata da CUP por Lleida e ficou sem lugar mas, em dezembro de 2015, com a saída de Ramón Usall, Boya ocupou o seu lugar no Parlamento catalão.

Em fevereiro de 2018, foi eleita membro do Secretariado Nacional da Candidatura de Unidade Popular (CUP) como candidata independente. Está acusada de rebelião.

LLuís Corominas
Ex-vice-presidente do Parlamento catalão

Ex-vice-presidente da Mesa do Parlamento catalão e ex-presidente do grupo parlamentar da Junts pel Sí tem 55 anos. Há quase um ano deixou de estar na primeira linha da política.

Militante de CDC, onde foi secretário de organização e vice-secretário de Territtório, entre outros cargos, agora é associado e conselheiro nacional e PDeCAT.

Está acusado pelo delito de rebelião.

Lluis Guinó
Ex-vice-presidente do Parlamento catalão

Advogado, de 49 anos, foi militante da CDC, agora do PDeCAT. Eleito presidente da câmara de Besalú em 1995, foi reeleito nas sucessivas eleições.

Deputado regional nas eleições de 2010 e 2012, em 2017 foi nomeado vice-presidente da Mesa do Parlamento catalão, em substituição de Lluís Corominas.

Está acusado do delito de rebelião.

Anna Simó
Ex-secretária do Parlamento catalão

Membro da ERC desde 1990, Anna Simó, de 50 anos, faz parte do Conselho Nacional d'Esquerda desde 1994.

Foi conselheira de Bem-estar e Família da Generalitat desde a constituição do governo de Pasqual Maragall até 2006 e porta-voz adjunta do grupo parlamentar da ERC.

Foi primeira secretária da Mesa do Parlamento na XI Legislatura. Está acusada pelo delito de rebelião.

Ramona Barrufet
Ex-secretária do Parlamento catalão

Professora, política e ativista, Barruffet, de 59 anos, é vereadora da câmara de Arberca desde 1999, passando depois a presidente, cargo que ocupou entre 2005 e 2007.

Eleita deputada, esteve no cargo entre 2010 e 2012, foi porta-voz do grupo parlamentar de CiU na Comissão de Educação e Universidades do Parlamento catalão.

Em 2015 fez parte da lista da Junts pel Sí e foi eleita secretária da quarta da Mesa do Parlamento. É acusada de desobediência.

Joan Josep Nuet
Ex-secretário do Parlamento catalão

Político comunista, Nuet, de 54 anos, é coordenador geral da Esquerda Unida i Alternativa, congénere da Esquerda Unida (IU) na Catalunha. Foi secretário-geral dos Partidos dos Comunistas de Catalunha (PCC)

Entre os cargos políticos que ocupou está o de deputado no Parlamento catalão, senador nas Cortes Gerais e deputado no Parlamento espanhol por Barcelona.

Foi terceiro secretário do Parlamento catalão. Está acusado do delito de rebelião.

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