Quatro países onde a guerra é o dia-a-dia

ONU emitiu alerta de fome no Iémen, Nigéria, Somália e Sudão do Sul. Conflitos são em grande parte responsáveis pela situação.
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Sudão do Sul. A mais jovem nação do mundo

Independente desde 2011, a mais jovem nação do mundo separou-se do Sudão depois de décadas de guerra, mas não se livrou dos conflitos. Desde 2013 que o país vive uma guerra civil que reflete as divisões étnicas. Tudo começou quando o presidente Salva Kiir, da etnia dinka, demitiu o governo e afastou o vice-presidente, Riek Machar, de etnia nuer. A ONU já alertou mesmo para a possibilidade de um genocídio, com a violência a já ter feito mais de três milhões de deslocados, apesar da presença de 12 mil capacetes azuis no país. Rico em petróleo, o Sudão do Sul só tem no entanto 200 km de estradas alcatroadas, sendo muito difícil a ajuda chegar às zonas mais remotas. Com uma população estimada em 12,5 milhões de pessoas, se não receber apoio da comunidade internacional, o país pode ficar com 5,5 milhões dos seus habitantes em risco de fome até julho.

Nigéria. Sob a ameaça dos militantes do Boko Haram

A antiga colónia britânica tem uma história cheia de golpes e contra-golpes. Mas nos últimos anos, a maior ameaça à estabilidade do país mais populoso de África têm sido os ataques do grupo islamita Boko Haram. Os militantes ganharam destaque internacional após o sequestro em 2014 de 276 raparigas de uma escola na aldeia de Chibok. O rapto deu origem a uma campanha internacional nas redes sociais ligada ao hashtag BringBackOurGirls (tragam as nossas meninas de volta) que contou com o apoio de várias personalidades entre as quais a então primeira-dama dos EUA, Michelle Obama. Empenhado em construir um califado que obedeça à lei islâmica (sharia) no Norte da Nigéria, de maioria muçulmana, o Boko Haram tem realizado também ataques nos países vizinhos. Os cristãos (cerca de 40% da população) têm fugido destas zonas. Um dos maiores produtores de petróleo, a Nigéria tem enfrentado anos de recessão devido ao fraco investimento estrangeiro motivado pela violência.

Iémen. A guerra de todos contra todos

Apesar da unificação entre o Norte e o Sul comunista em 1990, o Iémen continua a ressentir-se das velhas divisões. Em 2009 confrontos entre exército e rebeldes houtis no Norte fizeram centenas de mortos e mais de 250 mil deslocados. Mas foi em 2011 que, inspirados pela Primavera Árabe, protestos populares tentaram afastar o presidente Ali Saleh. A guerra civil instalou-se definitivamente em 2014, com o país de 27 milhões de habitantes a servir de palco a vários grupos islamitas - da Al-Qaeda ao Estado Islâmico - e a ser usado como tabuleiro no xadrez das potências regionais. No poder desde 2012, o presidente Abd Rabbuh Mansour Hadi fugiu do país (um dos mais pobres do mundo) em 2015, após os houtis - da minoria xiita e apoiados pelo Irão - conquistarem a capital. Desde então, o Iémen encontra-se num limbo político e em crise humanitária. Arábia Saudita e outros oito países de maioria sunita têm realizado bombardeamentos para voltar a instalar Hadi no poder. O conflito já fez milhares de mortos e deixou os mais frágeis em risco de fome.

Somália. Ainda a ameaça das milícias al-Shabab

Mergulhada na anarquia desde o fim do regime militar de Siad Barre em 1991, a Somália foi palco de uma intervenção da Etiópia, primeiro, e mais tarde das tropas da União Africana em 2006 quando uma coligação de tribunais islâmicos se apoderou da capital, Mogadiscio, e de grande parte da zona sul do país. Com 10,8 milhões de habitantes, o antigo protetorado britânico vive desde 2012 com um governo apoiado pela comunidade internacional. Eleito no início deste ano, o presidente Mohamed Abdullahi Mohamed, que tem dupla nacionalidade, americana e somali, manifestou o desejo de negociar com os militantes do grupo islamita al-Shabab. As milícias chegaram a controlar Mogadíscio antes de serem expulsar da capital em 2011, mas continuam a realizar ataques a tiro e à bomba.

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