Principal crítico interno de May vê luz ao fundo do túnel no acordo do Brexit
O deputado Jacob Rees-Mogg, uma das principais vozes conservadoras críticas de Theresa May, admitiu hoje que o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia pode ser emendado para se tornar aceitável para os que apoiam o Brexit, mas deixou implícito que espera que Bruxelas se comprometa mais.
Enumerando o que consideram ser boas notícias, como a ideia de que a Irlanda está aberta a um acordo bilateral para manter a fronteira aberta ou a chanceler alemã, Angela Merkel, mostrar-se disposta a trabalhar dia e noite para chegar a acordo, o deputado afirmou: "Acho que são boas notícias para nós, uma esperança de que a reforma deste acordo pode ser alcançada de forma a torná-lo aceitável. Mas ainda não estamos lá. E até estarmos, as pessoas como eu vão votar contra o acordo", indicou num discurso diante do think tank eurocético Bruges Group.
Rees-Mogg, líder do European Research Group (grupo de pressão conservador eurocético), foi um dos artífices da tentativa de afastar Theresa May da liderança dos Tories e votou contra o acordo de Brexit que ela negociou com Bruxelas.
No mesmo discurso, Rees-Mogg defendeu que May deve pensar em fechar o Parlamento temporariamente, se necessário, para impedir que os deputados passem uma lei que bloqueia a hipótese de um Brexit sem acordo. Caso recuse fazê-lo, acrescentou, a primeira-ministra será a responsável se a lei for aprovada.
"Se um Brexit sem acordo fosse retirado da mesa, o governo de sua majestade teria de ser obrigado a fazê-lo. Não pode ser feito se o governo está determinado em pará-lo", indicou, lembrando que o executivo tem meios para o travar. "A prorrgação dura normalmente três dias e qualquer lei que está a ser discutida cai. Acho que essa deve ser a resposta do governo. Esse é o backstop do governo", indicou, usando a expressão que no contexto do Brexit é usado para designar o mecanismo de salvaguarda para a fronteira com a Irlanda.
Rees-Mogg disse que não aceitará qualquer acordo de saída que inclua o backstop, deixando claro que está atento a aprentes concessões que não valem nada.
"Há esperança. Há dois tipos de esperança. Uma é que vamos conseguir um melhor acordo. A outra esperança é que o relógio está a andar e estamos cada vez mais próximo de sair. E quando saírmos, teremos recuperado o controlo, seremos responsáveis", indicou.