Trump veta resolução do Congresso sobre estado de emergência
"O Congresso tem a liberdade de votar nesta resolução e eu tenho o dever de vetá-la", disse o presidente americano. "Esta é uma resolução perigosa", acrescentou, durante uma cerimónia de assinatura na Sala Oval, na qual foi ladeado por vários membros da sua equipa, numa mensagem com o intuito de contrariar a imagem de um presidente isolado após a resolução do Senado no dia anterior.
Na quinta-feira, uma resolução a bloquear o procedimento de emergência que Trump havia decretado para desbloquear fundos dedicados à construção do muro com o México foi aprovado no Senado com o apoio de 12 senadores republicanos.
Esta é a primeira vez desde que assumiu o cargo de presidente dos Estados Unidos, há mais de dois anos, que Donald Trump utilizou esta prerrogativa. "As pessoas não gostam da palavra invasão, mas é disso que se trata", disse Trump, referindo-se à imigração ilegal.
"Acho que nunca tive tanto orgulho de estar ao seu lado hoje", disse por sua vez o vice-presidente Mike Pence.
Durante vários dias, o presidente Trump tentou, através do Twitter, pressionar os senadores republicanos para evitar este revés político, que chega logo após outra resolução contra a sua presidência. Na quarta-feira à noite, foi a sua política externa e, em particular, o seu apoio à Arábia Saudita, que foi denunciado, também através de vozes republicanas: o Senado aprovou uma resolução instando-o a suspender todo o apoio americano à coligação saudita na guerra no Iémen.
A Câmara dos Representantes deve também aprovar esta medida. E Donald Trump também deve vetá-la.
Donald Trump tinha declarado estado de emergência, tendo alegado razões de segurança, para conseguir canalizar fundos orçamentais - cerca de 8 mil milhões de dólares - para a construção de um muro ao longo da fronteira com o México, uma das suas bandeiras de campanha eleitoral, em 2016. Muitos congressistas acreditam que o presidente menosprezou o Congresso com esta medida. O republicano Mitt Romney, antigo candidato presidencial em 2012, explicou que queria votar "a favor da Constituição".
Em 100 senadores, 59 apoiaram uma resolução dos democratas que declara "anulada" a emergência nacional declarada pelo presidente em 15 de fevereiro.
É improvável que o Congresso possa anular o veto presidencial, pois isso exigiria uma maioria de dois terços em ambas as câmaras. A presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, anunciou que a Câmara dos Representantes vai votar no dia 26 de março sobre a anulação do veto do presidente.
A democrata adiantou que o veto pode enfrentar vários desafios legais, tendo frisado que os legisladores do Partido Republicano devem escolher entre a "hipocrisia partidária e o seu juramento sagrado de apoiar e defender a Constituição".