Ciudadanos rejeita qualquer acordo pós-eleitoral com Sánchez
Os dirigentes do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) desvalorizaram esta segunda-feira a decisão do Ciudadanos, de Albert Rivera, de recusar qualquer pacto pós-eleitoral com os socialistas liderados por Pedro Sánchez.
Os dois partidos juntos poderiam aspirar a conseguir ter a maioria absoluta dos membros do parlamento, numa espécie de coligação ao centro, mas a lógica das duas formações passa agora por tentarem liderar um dos dois grandes blocos possíveis, um de esquerda e outro de direita.
"Eles é que sabem se se sentam mais à vontade com os sociais-democratas [PSOE] ou com os ultradireitistas [Vox]", disse ao final da manhã o ministro do Fomento e secretário da Organização dos socialistas, José Luis Ábalos.
O Ciudadanos tinha-se posicionado pouco antes contra qualquer possibilidade de um pacto pós-eleitoral com os socialistas, insistindo que não é possível uma convergência com um partido que governou com o apoio dos separatistas catalães.
"Está em jogo o futuro dos espanhóis e se queremos um Governo de novo amarrado aos partidos separatistas", disse a secretária para a Formação do Ciudadanos, defendendo que se acabe com um sistema que viu PSOE e Partido Popular (PP) a intercalarem-se na chefia do executivo espanhol nos últimos 40 anos.
Socialistas e Ciudadanos chegaram a alcançar um acordo em fevereiro de 2016, após as eleições de dezembro de 2015, para eleger Sánchez, mas faltou-lhes o apoio de outras forças políticas e no final foi preciso repetir as eleições gerais. O Ciudadanos apoiou depois o governo de Mariano Rajoy.
Os partidos espanhóis terão de decidir nas próximas semanas as listas de candidatos para várias eleições, a começar pelas legislativas de 28 de abril e, menos de um mês depois, a 26 de maio, para as municipais, regionais e europeias.
Num cenário político que evoluiu de um sistema bipartidário (PSOE e PP) para o atual multipartidarismo em que nenhuma formação tem mais de 20-30% dos votos, a política de alianças pós-eleitorais é essencial para assegurar a estabilidade do futuro executivo.
A formação de dois grandes blocos parece assim ser a solução que se desenha: um de esquerda, liderado pelo PSOE e com a coligação Unidos Podemos, outro de direita, onde tanto o PP como o Ciudadanos podem vir a liderar e que conta com o apoio do Vox (extrema-direita).
Na sua intervenção na Junta Diretiva Nacional do PP, Pablo Casado assegurou que a formação que lidera vai oferecer "moderação, como sempre", mas não "submissão" face a uma esquerda que "prefere romper Espanha".
As últimas sondagens dão conta de uma vantagem do PSOE na intenção de voto dos espanhóis, com 25-30%, seguido do PP, com 15-20%, e, com percentagem semelhante, do Ciudadanos, e também do Unidos Podemos.
Depois das eleições regionais na Andaluzia, realizadas em dezembro do ano passado, a subida exponencial do Vox veio baralhar ainda mais o sistema partidário espanhol, avançando algumas sondagens que esta formação poderia chegar aos 10% dos votos, ou mais.
O resultado das eleições andaluzas poderia assim repetir-se a nível nacional, com o PSOE a ser o partido mais votado, mas com os partidos de direita, no seu conjunto, a obter a maioria absoluta dos lugares no parlamento e a assegurarem a governação do país.
Pedro Sánchez convocou na passada sexta-feira eleições legislativas antecipadas para 28 de abril próximo, as terceiras em menos de quatro anos, depois de o parlamento ter chumbado o projeto de Orçamento para 2019 do executivo.
Os partidos independentistas catalães foram os grandes responsáveis pelo resultado da votação, tendo-se agora colocado ao lado da oposição de direita, depois de terem sido decisivos para a subida de Sánchez ao poder há oito meses.
O atual parlamento deve ser dissolvido a 5 de março e a campanha eleitoral começa a 12 de abril para as eleições legislativas de 28 de abril.
Por seu lado, a campanha eleitoral para as eleições municipais, regionais e europeias começa 12 dias depois desta data, a 10 de maio.
As pré-campanhas e campanhas eleitorais serão feitas ao mesmo tempo que o Tribunal Supremo espanhol julga 12 dirigentes políticos separatistas catalães envolvidos na tentativa independentista de 2017.
O bloco de partidos de direita está de acordo que o Estado espanhol deve voltar a intervir diretamente na Catalunha que continua a ser governada por uma maioria de partidos independentistas mantém a sua intenção de criar uma República independente.