Sucessora de Merkel sugere censurar youtubers após mau resultado eleitoral

Annnegret Kramp-Karrenbauer, atual líder da CDU, está no centro de uma polémica por ter sugerido restrições à liberdade de expressão depois de youtubers terem apelado ao voto contra os partidos da Grande Coligação alemã
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A líder da CDU de Angela Merkel, Annnegret Kramp-Karrenbauer, está no centro de uma polémica por ter sugerido restrições à liberdade de expressão depois de youtubers terem apelado ao voto contra os partidos da Grande Coligação alemã nas eleições europeias.

Karrenbauer, que lidera desde dezembro a União Democrata-Cristã (CDU) e é apontada como sucessora da chanceler alemã, qualificou de "manipulação eleitoral" o apelo dos youtubers lançado nas vésperas das eleições europeias de domingo em nome da proteção do ambiente.

A CDU - e o seu aliado bávaro União Social-Cristã (CSU) - venceram as eleições de domingo, mas tiveram a pior votação da história do partido. Em segundo lugar nas europeias na Alemanha, à frente do SPD, parceiro de Merkel na Grande Coligação, ficaram os Verdes.

Na sexta-feira, 70 youtubers divulgaram um vídeo apelando ao voto contra a CDU/CSU e o Partido Social-Democrata (SPD), acusando a coligação de governo de conduzir políticas que promovem o aquecimento global.

O vídeo em causa surgiu cerca de uma semana depois de um influente youtuber alemão, Rezo, ter divulgado um vídeo de 55 minutos criticando a política da CDU, designadamente em matéria ambiental, e que foi visto milhões de vezes. O título desse vídeo é "A Destruição da CDU".

"Com reagiria o país se 70 jornais apelassem juntos, a dois dias de uma eleição, ao voto contra a CDU e o SPD? Seria manipulação eleitoral", disse Karrenbauer, designada na imprensa como AKK, na segunda-feira, após uma reunião do partido.

A dirigente defendeu na altura a criação de regras para aplicar "ao mundo digital".

As declarações suscitaram polémica, nomeadamente no Twitter, onde nas últimas horas lideram palavras-chave como "censura" e "AKKdemissão".

Karrenbauer foi igualmente criticada por adversários políticos, como o líder do Partido Liberal (FDP), Christian Lindner, que afirmou que "custa a acreditar" nas declarações de Karrenbauer e defendeu a "necessidade de mais debates abertos".

Segundo avança a agência Bloomberg, a direção da CDU vai reunir-se nos próximos dias 2 e 3 de junho, para discutir a perda de votos nas europeias. E, no entretanto, Merkel concluiu que AKK, cuja taxa de aprovação era no início deste mês de apenas 36%. não está à altura do desafio que é suceder-lhe na liderança do próximo governo alemão.

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