Papa Francisco está em Moçambique com mensagem de paz e reconciliação
Paz e reconciliação. São as duas palavras que estarão mais presentes na visita que o Papa Francisco iniciou a Moçambique. O líder da Igreja Católica aterrou esta quarta-feira ao final da tarde no pais africano, onde foi recebido por milhares de pessoas. Do aeroporto até ao núncio apostólico, onde pernoitou, Francisco foi depois saudado por muitos católicos, num país em que o acordo de paz assinado no passado dia 6 de agosto, entre o governo e a Renamo, é mais um ponto de esperança para um futuro melhor a que o Papa pretende dar o seu apoio.
Eram 18:25 locais (mais uma hora do que em Lisboa) quando Francisco saiu do avião que o transportou até à Base Aérea de Maputo para uma visita ao país que vai durar até sexta-feira. Pelo caminho ficaram cerca de 10.30 horas de voo para percorrer 7.836 quilómetros até à capital moçambicana. O avião papal sobrevoou, além da Itália, mais oito países: Grécia, Egito, Sudão, Sudão do Sul, Uganda, Tanzânia, Malauí e Zâmbia.
No momento em que pisou solo moçambicano já se ouvia uma forte ovação, com o Papa a ser recebido na pista pelo presidente moçambicano, Filipe Niusy. À sua espera, já noite, estavam milhares de peregrinos no aeroporto a entoar cânticos que o chamam de mensageiro da paz e reconciliação.
A cerimónia de boas-vindas foi breve, com uma troca de palavras com titulares dos órgãos de soberania, membros do Governo e da Conferência Episcopal de Moçambique. Entre eles estava Joaquim Chissano, ex-presidente moçambicano, com o qual Francisco manteve um breve diálogo. Enquanto chefe de Estado, entre 1986 e 2005, Chissano recebeu João Paulo II na primeira visita de um papa ao país em 1988 - e foi sob a sua presidência que se assinou o primeiro acordo de paz entre o Governo de Moçambique e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), em 1992, pondo fim à guerra civil no país.
Minutos antes de falar com o Papa, o antigo Presidente da República disse que a vinda do Papa funciona para a consolidação da paz no país. Por isso, os moçambicanos, de acordo com o antigo Presidente, devem saber receber a bênção papal, permitindo que o ato contribua para a mudança de comportamentos.
Para Dom Francisco Chimoio, bispo da Igreja Católica, também na Base Aérea, a vinda de Francisco vem acompanhada de uma mensagem que vai guiar os moçambicanos, portanto, com paz, a esperança, a concórdia e a reconciliação.
Antes de sair da base aérea no papamóvel, após todo o protocolo oficial, o líder da igreja católica ainda foi brindado com o ambiente festivo de grupos culturais com danças e cantares locais.
Francisco percorreu depois em papamóvel algumas avenidas da cidade, diante de milhares de moçambicanos e recolheu às instalações do Núncio Apostólico de Maputo, onde pernoita.
O programa do líder da igreja católica continua na quinta-feira, com uma visita de cortesia ao Presidente da República, no Palácio da Ponta Vermelha, onde fará o seu primeiro discurso em Moçambique. Depois vai proferir uma homília aos jovens no pavilhão de Maxaquene e a tarde terá uma conversa com os bispos, padres, catequistas e animadores. Na sexta-feira, decorrerá uma missa campal no estádio de Maputo.
Esta é a 31ª viagem apostólica do Papa Francisco, que o levará também a Madagáscar e às Ilhas Maurícias. Completa assim uma viagem aos três M do Índico, países do Oceano Índico cujo nome começa pela letra M.
Hoje, depois da execução dos hinos e das honras militares, haverá a apresentação das delegações e a saudação aos bispos de Moçambique. Não estão previstos discursos. Do aeroporto, Francisco percorre mais 7 quilómetros de papamóvel até à nunciatura apostólica, onde pernoitará durante a visita ao país.
Na viagem para África, continente que visita pela quarta vez, Francisco falou aos jornalista e o Papa convidou a uma oração pelos que sofrem com o furacão Dorian das Bahamas. "São pobres pessoas que, de um dia para o outro, perdem a casa, perdem tudo, inclusive a vida", disse. Recorde-se que Moçambique também foi vítima este ano de cheias devastadoras. Em março o furacão Kenneth provocou mais mil mortos e vários milhares de desalojados