Número de imigrantes na fronteira dos EUA com o México atinge recorde da década
As autoridades dos EUA anunciaram um novo recorde no número de imigrantes ilegais que cruzaram a fronteira com o México. Segundo os dados do serviço de Alfândega e Proteção fronteiriça dos EUA (CBP, na sigla em inglês), divulgados esta terça-feira, 103 492 imigrantes ilegais foram detidos ou considerados "inadmissíveis" ao tentar cruzar a fronteira em março deste ano, o número mais alto desde 2007.
De acordo com a CNN, registaram-se mais de 92 000 detenções de imigrantes que tentavam entrar nos EUA, um número bastante superior ao registado no mesmo mês do ano passado (37 390).
Brian Hastings, funcionário do CBP, diz que serviço está a enfrentar uma crise humanitária e de segurança, com um número recorde de detenções, o que faz com que se encontre num "ponto de rutura".
Entre os detidos, há 53 077 indivíduos classificados como família, 30 555 adultos solteiros e 8 975 menores desacompanhados. São sobretudo de El Salvador, da Guatemala e das Honduras.
Em fevereiro, as autoridades norte-americanas já tinham anunciado um recorde de 76 mil imigrantes ilegais a cruzarem a fronteira com os EUA, mais do dobro em relação ao ano passado (36 751).
Desde que começou o ano fiscal, em outubro do ano passado, mais de 400 mil pessoas foram detidas na fronteira sudoeste dos EUA, das quais mais de 38 mil são menores desacompanhados.
Como "último recurso" por falta de espaço nos centros de detenção, o Serviço de Alfândega começou a libertar famílias consideradas não criminosas, a 19 de março, com avisos para comparecerem no tribunal. Desde então, conta a CNN, mais de 11 mil famílias foram libertadas. Mas o problema mantém-se, uma vez que as detenções continuam a aumentar.
Esta terça-feira, Claire Grady, subsecretária de Segurança Interna dos Estados Unidos, apresentou a demissão, poucos dias depois do anúncio da saída da secretária de Segurança Interna, Kirstjen Nielsen.
O pedido de demissão de Kirstjen Nielsen aconteceu no momento em que o departamento de Alfândegas e Segurança de Fronteiras anunciou que o sistema "colapsou", perante o aumento de número de pessoas sem documentos a tentar diariamente entrar nos EUA.
Desde que tinha assumido o cargo, em dezembro de 2017, Kirstjen Nielsen tinha sido encarregada de fortalecer as políticas anti-imigração da administração Trump, nomeadamente a de separação de famílias migrantes, que causou muita polémica.