Morreu o senador John McCain

Tinha 81 anos e padecia de um cancro no cérebro inoperável
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O senador norte-americano e antigo candidato republicano à Casa Branca John McCain morreu este domingo. A notícia foi revelada pela família.

McCain fora há cerca de um ano diagnosticado com um tipo agressivo de cancro no cérebro (glioblastoma) e na passada sexta-feira decidiu pôr fim ao tratamento. "O progresso da doença e o inexorável avanço da idade deixam o seu veredito", disse então a família em comunicado.

Esta noite de sábado (início da madrugada em Portugal) o gabinete do senador emitiu uma curta nota informando que "John Sidney McCain III morreu às 16:28" (11:28 em Lisboa).

"Com o senador estavam a sua mulher, Cindy, e a restante família. Serviu fielmente os Estados Unidos da América durante 60 anos", lê-se ainda no comunicado.

Horas depois da morte, Cindy McCain escreveu no Twitter: "O meu coração está despedaçado. Tive muita sorte por ter vivido a aventura de amar este homem incrível durante 38 anos. Morreu da forma como viveu, à sua maneira, rodeado das pessoas que amava, no local que mais adorava".

Natural do Arizona, McCain era um militar veterano, tendo sido feito prisioneiro de guerra durante cinco anos no Vietname. Concorreu à Casa Branca em 2008, tendo então perdido para Barack Obama. Mas foi no Congresso - onde esteve em funções durante 36 anos - que se tornou uma das vozes mais prestigiadas da política americana.

O seu papel tornou-se particularmente relevante nos últimos anos, já durante a administração Trump, tendo o seu voto no Senado sido essencial para impedir a aprovação da revogação do sistema de saúde Obamacare, uma promessa do atual inquilino da Casa Branca.

Trump reagiu à morte esta madrugada, pelo Twitter como lhe é habitual, numa curta frase: "Os meus sinceros e respeitosos pêsames à família do Senador John McCain. Os nossos pensamentos e orações estão convosco!"

Além da revogação do Obamacare, John McCain revelou-se uma voz discordante das posições políticas do Partido Republicano em muitas outras áreas, como a tortura (as chamadas práticas de interrogatório intensificadas) a suspeitos de terrorismo, a imigração e até a segunda guerra no Iraque. Atitudes que lhe valeram, em vários meios, o papel de centro moral do senado e do seu partido.

Foi precisamente essa característica que o ex-presidente Barack Obama sublinhou na reação à notícia da morte, pelo Twitter: "John McCain e eu éramos de diferentes gerações, tínhamos histórias completamente diferentes e competimos ao mais elevado nível político. Mas partilhávamos, apesar das nossas diferenças, uma fidelidade perante algo superior - os ideais pelos quais várias gerações de americanos e imigrantes, lado a lado, lutaram, marcharam e sacrificaram-se. Víamos as nossas batalhas políticas, até, como um privilégio, algo nobre, uma oportunidade de servir como defensores desses elevados ideais a nível doméstico e para os fazer propagar no mundo. Víamos este país como um lugar onde tudo é possível - e a cidadania como a nossa obrigação patriótica de assegurar que assim se manterá para sempre.

"Poucos de nós passaram as provações que John passou, ou tiveram de revelar a coragem que ele demonstrou. Mas todos nós podemos aspirar a ter a coragem de colocar o bem maior acima do nosso bem estar. Nos melhores momentos, John mostrou-nos o que tal significa. E por isso todos lhe estamos em dívida. Michelle e eu enviamos os nossos sentidos pêsames a Cindy e à sua família."

Uma das suas mais recentes intervenções, já quando lutava contra a doença, foi feita a criticar a cimeira de Donald Trump com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, em Helsínquia. Em comunicado, McCain descreveu o encontro como "uma das mais vergonhosas atuações de um presidente americano de que há memória".

Segundo fonte próxima da família, citada pela agência Reuters, Donald Trump não será convidado para o funeral.

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