Míssil sírio "perdido" em troca de tiros com Israel foi cair no Chipre
Um míssil perdido resultante da troca de tiros entre a Síria e Israel atingiu o Chipre esta madrugada, passando ao lado da densamente povoada capital Nicosia e caindo na encosta de uma montanha 20 quilómetros a nordeste, na autoproclamada República Turca de Chipre do Norte (não reconhecida internacionalmente).
A explosão ocorreu pelas 1.00 locais (23.00 de domingo em Lisboa) na região de Tashkent, também conhecida como Vuono. O impacto do míssil desencadeou um incêndio e foi ouvido a vários quilómetros de distância.
Não houve feridos, mas causou preocupação em ambos os lados da ilha dividida (entre a maioria grego-cipriota a sul e a turco-cipriota a norte) e apelos ao respeito pela segurança mútua.
Um ataque aéreo israelita contra a Síria estava em curso na altura da queda do míssil, tendo a defesa síria respondido da mesma forma. Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, com sede no Reino Unido, a aviação israelita teria como alvo bases ligadas ao Irão e às forças apoiadas pelos iranianos que apoiam o governo sírio, na guerra civil que já dura há oito anos.
"Acreditamos que um míssil disparado da Síria caiu aqui por acidente, como resultado de ter sido disparado de forma descontrolada pelas baterias de defesa... em resposta aos intensos ataques do final da noite de ontem por Israel", disse o ministro da diplomacia cipriota-turco, Kudret Ozersay, numa conferência de imprensa.
"Com base na nossa avaliação inicial, são os restos de um míssil que é conhecido como S-200 no sistema russo e SA-5 no sistema da NATO disparado por um sistema de defesa antiaéreo durante um ataque contra a Siria e que, depois de ter falhado o seu alvo, terá terminado a sua viagem no nosso país", acrescentou o representante da autoproclamada República Turca de Chipre do Norte, não reconhecida pela comunidade internacionais.
A ilha do Chipre fica a cerca de 150 quilómetros a oeste da Síria, tendo o míssil percorrido ainda mais cerca de 50 quilómetros para o interior antes de cair. Os aviões israelitas dispararam mísseis que tinham como alvo posições militares em Homs, a cerca de 310 quilómetros de Nicosia, assim como os arredores de Damasco, num ataque que causou a morte a pelo menos quatro civis e ferimentos noutros 21.
"Sem sombra de dúvida, convidamos a Síria, Israel e outros países da região a ter em conta a segurança humana e material dos países vizinhos, para que tomem as medidas necessárias e para que todos se comportem calmamente", disse Ozersay, que também é vice-primeiro-ministro do país apenas reconhecido pela Turquia.