Ministro brasileiro da Educação chama "calhorda", "oportunista" e "cretino" a Macron

O Presidente francês, Emmanuel Macron, que se tem notabilizado nas pressões sobre o seu homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro, para que este combata os incêndios na Amazónia, foi este sábado insultado pelo ministro da Educação brasileiro através do Twitter.
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"Macron não está à altura deste embate. É apenas um calhorda oportunista, buscando apoio do lóbi agrícola francês", escreveu hoje no Twitter o ministro da Educação brasileiro, Abraham Weintraub, numa referência à oposição do Presidente francês ao acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e Mercosul [Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai].

As frases citadas são a conclusão de um tuite que se iniciava com "a França é uma nação de extremos. Gerou homens como Descartes ou Pasteur, porém também os voluntários da Waffen SS [braço armado do partido Nazi]".

O governante acrescentou ainda que os franceses "elegeram um governante sem caráter" -- na verdade, uma repetição do insulto "calhorda", que significa "pessoa desprezível", "canalha", "patife" ou "pulha".

E num terceiro tuíte apelidou o PR francês de "cretino", escrevendo: "Ferro no cretino do Macrón [sic], não nos franceses" e aproveitando para referir o ex presidente Lula -- "nós já elegemos Le Ladrón, que hoje está enjauladón" -- numa corruptela francês que mereceu de comentadores reparo sobre a sua falta de instrução.

Na sexta-feira, Weintraub tinha publicado um tuite a dar a sua explicação -- que tem sido a do governo brasileiro -- sobre a atitude de Macron, chegando a falar de "crise amazónica falsa", apesar de o próprio ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ter admitido, numa entrevista ao jornal Estado de S. Paulo publicada no sábado, que o governo não sabe quanto da Amazónia ardeu até agora: "A crise Amazônica falsa é fruto do acordo comercial fechado com a Europa. O lobby dos agricultores europeus reagiu diante da iminente invasão de produtos brasileiros. Isso, combinado com ONGs, esquerda e "artistas", revoltados com o fim da mamata. Podem prejudicar os brasileiros."

Já Olavo de Carvalho, escritor e 'guru' de Jair Bolsonaro, exilado nos EUA, referiu-se a Macron como "Macrocon" -- "con" é calão para "burro" ou "estúpido" e "macro" quer dizer grande --, escrevendo: "Tia ângela deu umas palmadas na bundinha de Macrocon." E reincidiu no insulto pouco depois: "Os franceses estão muito azarados. não podiam votar na Le Pen porque ela é ajudante do Putin, o dono do gás, Tiveram de votar no Macrocon e agora não sabem como se livrar dele."

Já anteriormente, Eduardo Bolsonaro, filho do Presidente brasileiro, que é deputado e que poderá ser o futuro embaixador do Brasil em Washington, tinha retuitado [reencaminhado um tuite] com o título: "Recado para o @EmmanuelMacron", onde se vê um vídeo dos confrontos com os 'coletes amarelos' em França, com o texto "Macron é um idiota".

Emmanuel Macron manifestou na quinta-feira preocupação com os fogos florestais que estão a devastar a Amazónia, a maior floresta tropical do planeta, evocando uma "crise internacional" e pedindo aos países industrializados do G7 "para falarem desta emergência" na cimeira deste fim de semana em Biarritz (sudoeste de França).

O acordo de livre comércio entre a UE e o Mercado Comum do Sul (Mercosul), integrado pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, foi fechado em 28 de junho, depois de 20 anos de negociações. O pacto abrange um universo de 740 milhões de consumidores, que representam um quarto da riqueza mundial.A Irlanda ameaçou também votar contra o acordo comercial se o Brasil não tomar medidas para proteger a floresta amazónica.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo, cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados, e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta.

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