Corbyn acusa Theresa May de estar "em negação" em relação ao Brexit

Primeira-ministra britânica enfrenta os deputados na sessão semanal de perguntas e resposta no Parlamento. Às 19.00 será a votação da moção de censura a May. "Há duas formas de evitar um acordo sem saída: uma é aprovar um acordo e outra é revogar o artigo 50", defendeu.
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A primeira-ministra britânica, Theresa May, diz que quer ouvir os deputados sobre o Brexit para saber o que poderá garantir o apoio do Parlamento na aprovação de um acordo de saída do Reino Unido da União Europeia, reiterando que isso implica não permitir a livre circulação de pessoas.

"Há duas formas de evitar um acordo sem saída: uma é aprovar um acordo e outra é revogar o artigo 50. Isso significa ficar na União Europeia, não respeitar o resultado do referendo e isso é algo que este governo não fará", afirmou May, que viu o Parlamento britânico recusar ontem, por uns históricos 230 votos, o seu acordo de Brexit.

O líder trabalhista, Jeremy Corbyn, questionou sobre a união aduaneira, acusando May de não responder sobre isso. Antes, corrigiu o que disse ontem à noite após a votação do acordo de Brexit: "Não é a maior derrota desde 1922, é a maior derrota de sempre na história da democracia".

May começou a sua intervenção por condenar o ataque terrorista de Nairobi, confirmando a morte de um cidadão britânico.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, enfrenta as perguntas dos deputados na sessão semanal de perguntas e respostas, num dia que se prevê longo. A votação da moção de censura, apresentada pelo líder do Labour, Jeremy Corbyn, será votada apenas às 19.00.

Corbyn diz que May está "em negação" em relação a vários aspetos do Brexit, como está "em negação" em relação à pobreza no Reino Unido. Na resposta, May diz que é o líder da oposição que está "em negação" em relação ao Brexit, alegando que este "falhou constantemente em dizer qual é a sua posição".

E continua a atacar dizendo que Corbyn já precisou de um especialista em ler lábios (depois de ter sido acusado de chamar "estúpida" a May) mas que o resto do país "precisa de um especialista em ler mentes".

Corbyn responde dizendo que primeira-ministra conhece a sua posição sobre o Brexit - ele quer uma união aduaneira com a União Europeia.

Depois das cinco perguntas de Corbyn, May responde agora às questões dos outros deputados, mas muitos acabam por falar também da saída do Reino Unido da União Europeia.

Peter Kyle, do Labour, lembrou a derrota histórica de May e diz que "tudo mudou" pelo que a primeira-ministra "também deve mudar". E reitera o pedido para um segundo referendo. Mas May repete que os britânicos já votaram para sair da União Europeia em 2016 e que acredita que o governo e o Parlamento têm o "dever" de garantir isso.

Questionada sobre as conversas que terá com os deputados e se está disposta a abdicar das suas "linhas vermelhas", May lembra que terá conversas com membros do seu próprio partido, dos aliados do DUP, e de outros partidos. E recusa dizer se abdica ou não das suas "linhas vermelhas", reiterando sempre que irá enfrentar o debate com "espírito construtivo" mas que o seu objetivo é garantir que cumpre o resultado do referendo. A primeira-ministra está a ser criticada por não querer ouvir a oposição.

Moção de censura

Apesar da derrota histórica da votação do acordo do Brexit, em que 118 deputados conservadores votaram contra si, Theresa May deverá sobreviver à moção de censura, visto que até o grupo que quis afastá-la da liderança do partido já disse que a vai apoiar. "Vou apoiar a primeira-ministra", disse Jacob Rees Mogg, líder do European Research Group, grupo conservador pró-Brexit, ainda ontem à noite.

Também os unionistas da Irlanda do Norte (DUP) que votou contra o acordo, vai apoiar May.

A primeira-ministra já disse que irá manter encontros com membros de outros partidos para determinar como avançar no Brexit, depois de o seu acordo ter sido rejeitado, estando previsto apresentar o seu plano B na segunda-feira.

No entanto, se a moção de censura vingar, há 14 dias para os conservadores apresentarem novo governo. Theresa May tanto pode tentar formar novo executivo como pode passar o testemunho a outra pessoa do partido. Nesse caso, os partidos da oposição também poderiam apresentar alternativas, embora não se vislumbre, perante o atual quadro de deputados, que essa hipótese vingue.

May pode também pedir novas eleições, mas para tal precisa do apoio de dois terços dos deputados. Até agora, a líder dissera que convocar novas eleições não era solução.

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