Macron rejeita propostas de Boris ainda antes de se reunirem
Na véspera de uma reunião com o novo primeiro-ministro britânico, Emmanuel Macron disse que um Brexit sem acordo seria obra do próprio Reino Unido e não da União Europeia. E acrescentou que qualquer acordo comercial que Londres celebre com Washington não mitigaria o custo de sair do bloco.
Aos jornalistas, o presidente francês afirmou que as exigências de Boris Johnson não são realistas e que uma retirada desordenada seria da responsabilidade exclusiva do Reino Unido. "Isso seria obra do Reino Unido, sempre." E reafirmou que não aceita renegociar o acordo de retirada firmado com Theresa May.
Macron disse que não viu razão para conceder mais um adiamento ao Brexit a menos que houvesse uma mudança política significativa no Reino Unido, como eleições ou um novo referendo.
"Pode [o custo do Brexit] ser compensado pelos Estados Unidos da América? Não. E mesmo que fosse uma escolha estratégica, seria à custa de uma vassalagem histórica do Reino Unido Não creio que isto seja o que Boris Johnson quer. Não creio que seja o que o povo britânico quer", declarou.
"Os britânicos são apegados à ideia de ser uma grande potência, um membro do Conselho de Segurança. O ponto não pode ser sair da Europa e dizer 'seremos mais fortes', e, no final, tornar-se o parceiro menor dos Estados Unidos, que estão a agir mais e mais hegemonicamente", acrescentou Macron.
Antes das declarações de Macron, um funcionário do Eliseu disse que a França acreditava que o no-deal era agora o cenário mais provável: "Se o Reino Unido considera que o backstop está absolutamente excluído, esse é o seu direito, mas nesse caso limita a possibilidade de chegar a um acordo."
Antes da viagem para Berlim, onde se encontrou com Angela Merkel, e Paris, Boris Johnson disse à BBC que os "parceiros e amigos estão a ser um pouco negativos". No entanto,acreditava registar "progressos nas próximas semanas".