Julen está há 72 horas dentro de um poço. Ainda há esperança?
Por entre muita informação contraditória - mais recentemente a notícia, já desmentida, de que teria sido localizado debaixo de um tampão de terra no poço onde terá caído do domingo - as operações para tentar resgatar Julen, o rapaz de dois anos, que desapareceu em Totalán, Málaga, continuam a manter a Espanha em suspenso, com os pais do menor e as autoridades a manterem a esperança de o encontrar com vida três dias após o seu desaparecimento.
O que já está confirmado, através de testes de ADN, é que alguns cabelos recuperados do poço pertencem à criança o que, não dando qualquer informação sobre a sua condição atual, permite pelo menos afastar as teses de que Julen não estaria no local, por ser alegadamente impossível que o seu corpo tivesse passado por uma abertura de cerca de 25 centímetros de diâmetro.
"Para muitos, pode ter sido uma surpresa [encontrarem esses vestígios biológicos]", disse o pai do rapaz, José, em declarações ao Diário Sur. "O meu filho está aqui, que ninguém duvide. Quem me dera que fosse impossível ele estar neste poço, como ouvi dizer", acrescentou, manifestando ainda assim a fé de que irá reencontrar a criança "com vida".
Na tarde desta quarta-feira, pelas 14.00 locais (13.00 em Lisboa), assinalaram-se 72 horas desde que Julen desapareceu, quando passeava com familiares numa zona rural. Terá caído num poço com mais de cem metros de profundidade, escavado pelo proprietário do terreno com o intuito de fazer prospeção de água. Uma obra que, segundo já noticiaram vários meios de comunicação social espanhóis, terá sido feita sem autorização formal.
As operações envolvem mais de uma centena de pessoas, de diferentes especialidades, e contam com a participação da Stockholm Precision Tools (SPT), empresa sueca que em 2010 participou na missão de busca e salvamento de 33 mineiros chilenos, que terminou com sucesso.
A empresa já conseguiu localizar uma zona oca, cerca de quinze metros abaixo do tampão de terra, na qual se espera que o rapaz possa estar, mais precisamente a cerca de 80 metros de profundidade. Mas é agora uma corrida contra o tempo para encontrar a criança com vida. Ángel Vidal, um dos engenheiros a trabalhar no resgate, não quis avançar uma duração para as operações. "É complicado aventurar-me, não quero dar falsas expetativas", frisou, acrescentando que não sabe que tipo de material será encontrado à medida que se escave.
Atualmente, as operações concentram-se em duas frentes: a sucção desse tampão de terra e a abertura de dois túneis para tentar chegar à criança. O primeiro túnel está a ser escavado em paralelo aquele onde se julga estar o menor e o segundo na diagonal.