Incêndio em Espanha já obrigou a retirar 53 pessoas de casa. Catalunha restringe acesso às montanhas
Um incêndio descontrolado numa zona rural do Nordeste de Espanha já destruiu mais de seis mil hectares de vegetação e ameaça devorar 20 mil hectares de vinhas e oliveiras, disse esta quinta-feira o ministro regional do Interior de Espanha, Miguel Bunch.
O fogo, que deflagrou em plena onda de calor na Europa, começou na quarta-feira perto da cidade de Torre del Espanol, na Catalunha, e tem estado a ser combatido por centenas de bombeiros, além de meios aéreos, mas sem que se consiga controlar qualquer frente.
"As dificuldades são de tal ordem que não podemos falar nem de uma fase de controlo nem de extinção. Pelo contrário, estamos numa fase de pleno progresso do fogo", explicou o ministro a uma rádio local.
Na manhã de quinta-feira estavam 350 bombeiros no local e sete meios aéreos a combater o incêndio, que já foi classificado como de "risco extremo" até porque ameaça destruir por completo 20 mil hectares da região, cobertos de pomares, oliveiras e vinha, de acordo com um comunicado do governo regional da Catalunha.
A propagação do incêndio tem sido acelerada por ventos fortes e pela contínua subida da temperatura, já acima dos 40º, e já implicou a retirada de 53 pessoas das suas casas.
A Proteção Civil da Catalunha pede aos residentes de Bovera e Maials, na província de Lérida, na Catalunha, para permanecerem em casa devido ao incêndio de Torre del Espanol, de modo a evitarem a inalação de fumo.
O presidente do governo regional da Catalunha, Quim Torra, anunciou que a partir da noite desta quinta-feira o acesso às montanhas de Montserrat (Barcelona), Les Gavarres e Les Cadiretes (Girona) está restrito devido ao risco de incêndio. Aos jornalistas, informou também que estão proibidas as colheitas nas próximas 48 horas.
Torra apelou à responsabilidade e solidariedade dos cidadãos e alertou que "a situação pode tornar-se crítica em todo o país" devido à onda de calor que está a afetar a Europa.
O ministro regional do Interior de Espanha, Miguel Bunch, afirmou que o incêndio já destruiu cerca de 6500 hectares.
As autoridades espanholas apontam como causa do incêndio a autocombustão de um monte de estrume de galinha, devido aos ventos fortes e às altas temperaturas que se fazem sentir na região.
Este incêndio é uma das consequências da onda de calor irregular que está a afetar a Europa e que já está a provocar, além de incêndios, fecho de escolas, aumento da poluição e algumas mortes por choque térmico.
Este último caso aconteceu em Milão, na Itália, quando um sem-abrigo, de 72 anos, foi encontrado morto, na manhã desta quinta-feira, perto da gare central, vítima do calor, segundo as autoridades.
Também na França a morte de três pessoas nas praias da costa sul foi associada ao choque térmico.
De acordo com diretor-geral da Saúde francês, Jerome Saloman, o país está a assistir ao início de "um claro impacto da onda de calor". "As chamadas para os serviços de emergência estão a aumentar", afirmou, citado pela agência Reuters. "Para nós, o pior ainda está por vir", disse o responsável pela saúde pública em França.
Na quarta-feira, a Alemanha, a Polónia e a República Checa atingiram a temperatura mais alta já registada nestes países em junho, mas, segundo os meteorologistas, o calor ainda vai aumentar nos próximos três dias.
A onda de calor está também a afetar os animais e os jardins zoológicos europeus já proibiram o transporte de animais nos próximos dias.
Por outro lado, as temperaturas altas também estão a aumentar os níveis de poluição, nomeadamente de ozono na atmosfera, o que levou algumas cidades, nomeadamente deFrança, a adotarem regras para a circulação automóvel dos próximos dias, proibindo os veículos mais poluentes de andar na rua.
Também em França, onde as temperaturas já atingiram 45º, várias escolas foram encerradas para poupar as crianças ao calor e os exames foram adiados para a próxima semana.
Neste país, que em 2003 registou uma onda de calor que provocou a morte de 15 mil pessoas, e um grupo hoteleiro decidiu abrir os espaços climatizados dos seus hotéis para receber as pessoas mais idosas ou "em situação frágil".
A vaga de calor tem origem no deserto do Saara e está associada ao aquecimento global e a gases com efeito de estufa, referem os cientistas, acrescentando que o fenómeno climático é excecional, mas vai-se repetir cada vez com mais frequência.
Atualizado às 19:00.