Impeachment? Trump responde: "Não a levo nem um pouco a sério"

Presidente norte-americano é acusado de ter pedido ao novo presidente ucraniano que investigasse o filho de Joe Biden, um dos candidatos democratas a 2020, para eventualmente usar essa informação contra o rival
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O presidente dos EUA, Donald Trump, fez uma aparição surpresa, de apenas uns minutos, para assistir à Cimeira da Ação Climática, nas Nações Unidas, mas não interveio.

A presença de Trump na cimeira, que decorre em Nova Iorque, não era esperada, mas ainda assim o presidente norte-americano fez questão de se sentar durante alguns minutos no auditório onde decorriam os trabalhos, onde ouviu e aplaudiu o discurso do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.

Trump tinha usado a sua conta da rede social Twitter, no domingo, para partilhar uma mensagem de elogio que lhe fora dirigida pelo chefe do governo indiano e decidiu retribuir o gesto de simpatia ouvindo a participação de Modi nas Nações Unidas, onde dezenas de líderes mundiais procuram dar nova vida ao Acordo de Paris sobre o Clima.

O presidente norte-americano não fez qualquer comentário sobre a cimeira e preferiu guardar a interação com os jornalistas para falar sobre a possibilidade de um processo de destituição no Congresso anunciado pelo Partido Democrata, dizendo que não está preocupado.

"Não a levo nem um pouco a sério", disse Trump, questionado sobre como reagia à ameaça de impeachment no Congresso, depois de uma denúncia de que teria pressionado o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelenski, a investigar as atividades empresariais do filho de um adversário democrata na próxima corrida à Casa Branca.

Donald Trump está a ser acusado de ter feito um telefonema para Vladimir Zelenski, em julho passado, pressionando-o a investigar Hunter Biden, filho de Joe Biden, vice-presidente no mandato de Barack Obama e atual candidato à Casa Branca pelo Partido Democrata, por suspeita de irregularidades na sua ligação com uma empresa ucraniana.

Esta segunda-feira também, em declarações aos jornalistas, Trump admitira que o telefonema para Zelensky, a 25 de julho, teve um tom "congratulatório" e focou-se nos problemas da corrupção nos países da Europa de Leste, admitindo que poderá ter usado como exemplo a preocupação com o eventual envolvimento do filho de Joe Biden em negócios menos lícitos de uma empresa ucraniana, onde era administrador. Trump e Zelenski têm previsto um encontro, esta quarta-feira em Nova Iorque, no âmbito da Assembleia Geral da ONU.

O caso surgiu na sequência de uma denúncia que foi divulgada pelo diretor interino do departamento de Inteligência Nacional, Joseph Maguire, que reportou o incidente ao Congresso, sem, contudo, prestar mais esclarecimentos, alegando privilégios presidenciais.

A líder da maioria Democrata na Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, disse no domingo que, a menos que Joseph Maguire dê mais dados, a contenção de informação, por razões de privilégios presidenciais, poderá ser tomada como obstrução à justiça, passível de levar a um processo de destituição do presidente.

"Já percebemos que tudo não passa de uma caça às bruxas orquestrada pelos Democratas", afirmou hoje Donald Trump, desvalorizando o assunto.

Apesar do entendimento de Pelosi, a verdade é que o assunto não é consensual entre os Democratas. Neste momento, em 235 representantes, há 137 que apoiam a ideia de um impeachment a Trump. E apesar de na câmara dos Representantes a maioria ser Democrata, no Senado a maioria é do Partido Republicano. E, até agora, não há sinais de que os republicanos estejam dispostos a deixar cair Trump.

No passado, alguns Democratas quiseram usar o relatório Mueller, sobre o alegado conluio entre o presidente e os russos para interferir nas eleições presidenciais de 2016 nos EUA, para lançar a destituição de Trump. Levaram mesmo o ex-procurador especial Robert Mueller, autor do relatório, a testemunhar no Congresso. Mas sem sucesso. Ele manteve-se fiel ao que está escrito no relatório e não deu matéria à oposição para iniciar um processo de impeachment contra o atual presidente.

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