Número de mortos em Moçambique sobe para 446. Sete portugueses serão repatriados

O novo balanço aponta para mais um aumento no número de mortos provocado pela passagem do ciclone. Autoridades alertam para inevitáveis surtos de cólera e malária
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O número de vítimas mortais do ciclone Idai e das cheias que se seguiram no centro de Moçambique subiu para 446, anunciaram hoje as autoridades moçambicanas.

A informação foi prestada no centro de operações de socorro instalado no aeroporto da cidade da Beira e representa um acréscimo de 29 mortos em relação a sábado.

À medida que prosseguem as operações no terreno, o número de mortes não para de aumentar. Segundo o ministro do Ambiente, responsável pelas operações, há 531 mil pessoas afetadas pela catástrofe.

Graça Machel, presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade, acredita, no entanto, que o número de pessoas afetadas pelo ciclone Idai poderá ultrapassar os três milhões e os recursos necessários para a assistência humanitária são ainda muito insuficientes.

Este domingo, um avião que foi fretado pelo Estado português e que chegou à cidade da Beira, no sábado, com carga e elementos da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) irá trazer consigo seis portugueses que pediram ao Governo para ser repatriados.

O secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, numa reunião com a comunidade portuguesa da Beira, cidade do centro de Moçambique afetada pelo ciclone, disse que são cinco homens, uma mulher e um jovem de 15 anos que hoje regressam a Lisboa.

Entretanto, Celso Correia, o ministro da Terra e Ambiente de Moçambique, disse hoje que surtos de cólera e malária vão surgir nas próximas semanas na zona afetada pelo ciclone e pelas cheias no centro de Moçambique.

"É importante termos consciência de que vamos ter cólera, malária, já temos filária, e vai haver diarreias. O trabalho está a ser feito para mitigar" os surtos, destacou neste domingo em conferência de imprensa no centro de operações de socorro instalado no aeroporto da Beira.

As águas estagnadas que inundam toda a região deverão potenciar a propagação de doenças numa altura em que escasseia a água potável e há 109.000 pessoas deslocadas e albergadas em condições sanitárias deficientes nos centros de acolhimento temporários.

"A prioridade nas próximas semanas é evitar a eclosão de doenças", referiu Celso Correia.

A estratégia inclui a instalação de centros de tratamento - habitualmente instalados em zonas de surto para conter e tratar doentes - e distribuição de equipas médicas por todo o território afetado.

"Ontem já conseguimos distribuir médicos e unidades para fazer vigilância" em vários locais, beneficiando da melhoria das condições meteorológicas e da descida das águas.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou este sábado que a "grande maioria" dos portugueses a viver em Moçambique vai manter-se no país e que o Governo português vai enviar em breve um novo membro para o local da catástrofe.

"A grande maioria aparentemente quer ficar, o que é natural, é razoável. Têm a sua vida lá e, portanto, há medida que o tempo avança e avançam os apoios e chegam as ajudas e essas ajudas se concentram e vão chegando ao terreno, aquela que foi a perturbação inicial e natural num país sobre o qual se abate a tragédia, vai sendo progressivamente ultrapassado", declarou Marcelo Rebelo de Sousa.

Questionado sobre se as ajudas da União Europeia iam aumentar, o presidente da República confirmou que o número de países que aderem está a aumentar a ajuda a Moçambique e a União Europeia irá colocar em marcha um programa de apoio.

Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou ainda que as ligações via Internet estão a normalizar-se, nomeadamente no que toca aos contactos com Portugal e comunidades portuguesas.

Notícia atualizada às 11.50

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