Guterres: "O mundo está a passar por um teste de stress"
Zero referências explícitas ao Presidente dos EUA, Donald Trump. Mas várias referências implícitas. Ao contrário do inquilino da Casa Branca, António Guterres acha mesmo que há um problema com o aquecimento global do planeta: "As alterações climáticas avançam muito mais rapidamente do que nós." E portanto não faz sentido não reconhecer o problema. Muito pelo contrário: "Agora temos de aumentar a nossa ambição para combater esta ameaça à nossa existência - as alterações climáticas."
O apelo lê-se na mensagem de Ano Novo divulgada esta manhã pelo secretário-geral das ONU. Num texto curto, António Guterres começa por traçar um retrato triste da evolução do mundo desde há um ano - assumindo até a sua impotência: "No ano passado, emiti um alerta vermelho mas os perigos que mencionei ainda persistem." Enfim, "são tempos de ansiedade para muitos" e "o nosso mundo está a passar por um teste de stress".
De seguida, o ex-primeiro-ministro elencou as suas principais preocupações: "As alterações climáticas avançam muito mais rapidamente do que nós. As divisões geopolíticas estão a aprofundar-se, tornando os conflitos mais difíceis de resolver. Um número recorde de pessoas está em movimento na busca de segurança e proteção. As desigualdades estão a aumentar. E as pessoas questionam-se perante um mundo no qual um punhado de pessoas detém a mesma riqueza que metade da humanidade. A intolerância está a crescer. E a confiança está em declínio."
Porém, logo a seguir afirma que "há razões para ter esperança". Porque "as negociações sobre o Iémen criaram condições para a paz" e
"o acordo assinado em Riade em setembro, entre a Etiópia e a Eritreia, melhorou as perspetivas de toda a região". Além disso, "a assinatura de um acordo entre as partes do conflito do Sudão do Sul revitalizou as perspetivas de paz, trazendo mais progresso nos últimos quatro meses, do que nos quatro anos anteriores".
Por outro lado, "a ONU foi capaz de juntar os Estados-membros em Katowice para aprovar o Programa de Trabalho para a implementação do Acordo de Paris". "Agora temos de aumentar a nossa ambição para combater esta ameaça à nossa existência - as alterações climáticas", insistiu.
Ou seja: "É tempo de aproveitarmos a nossa última melhor oportunidade", "é tempo de travar o descontrolo e a espiral das alterações climáticas". "Nas últimas semanas, as Nações Unidas também supervisionaram acordos globais de referência sobre migração e refugiados, que irão salvar vidas e ultrapassar mitos perigosos" e "em todo o lado, as pessoas estão a mobilizar-se para apoiar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o nosso projeto global de paz, justiça e prosperidade num planeta saudável". Enfim: "Quando a cooperação internacional funciona, o mundo ganha."
Em 2019, promete Guterres, "as Nações Unidas vão continuar a aproximar as pessoas, a construir pontes e a criar espaço para soluções". vão "manter a pressão nesse sentido" - "e nunca desistiremos".
"Ao iniciarmos este Ano Novo, juntos vamos enfrentar ameaças com que nos defrontamos, vamos defender a dignidade humana e construir um futuro melhor", concluiu o secretário-geral da ONU.