Google e Apple sob pressão por causa de app árabe de controlo de mulheres

Senador americano e grupos de direitos humanos pressionam gigantes da economia digital para remover aplicação criada na Arábia Saudita para os homens controlarem as mulheres
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Chama-se "Absher" e pode ser descarregada a partir do Google Play ou da App Store, da Apple. Foi lançada em 2015 e criada pelo Governo da Arábia Saudita, visando dar aos homens o controlo das suas mulheres a partir dos seus cartões de identificação civil ou passaportes. Basicamente, quem esta tem esta aplicação pode saber da sua mulher quando esta está, por exemplo, num aeroporto.

Nos EUA, o senador democrata Ron Wyden, do Oregon, juntou-se a outras vozes de grupos de direitos humanos, pedindo à Google e à Apple que não disponibilizem esta aplicação nas suas plataformas, segundo noticiou o The New York Times.

Numa carta dirigida aos CEO da Apple e da Google, respetivamente Tim Cook e Sundar Pichar, Wyden escreveu: "Não é novidade que a monarquia saudita procura restringir e reprimir as mulheres sauditas, mas as empresas americanas não devem permitir ou facilitar o patriarcado do governo saudita."

E acrescentou: "Permitindo estas aplicações nas vossas 'lojas', as vossas companhias estão a facilitar aos homens sauditas a tarefa de controlarem os seus familiares através de smartphones, restringindo-lhe os movimentos. Isto vai contra o tipo de sociedades que vocês dizem defender."

Ou seja: a Google e a Apple estão "a ser usadas pelo governo saudita na sua horrenda missão de vigiar as mulheres".

Nenhum dos dois gigantes globais da economia digital quis comentar as considerações do senador. No entanto, um porta-voz da Google disse que a empresa está a verificar a app para ver se se conforma com os princípios da empresa.

Na Arábia Saudita, as mulheres estão, em muitos aspetos, legalmente equiparadas a menores. Precisam de ter um "guardião", que pode ser o pai ou o marido, ou ainda um irmão ou até mesmo um filho. Ao "guardião" compete, por exemplo, autorizar a mulher a ter passaporte, ou a alguns procedimentos médicos, e a casar-se.

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