França e Finlândia dão até dia 30 para Boris Johnson apresentar propostas escritas sobre o Brexit
A presidência finlandesa do Conselho da UE deixou esta quarta-feira à noite um ultimato a Boris Johnson: se o Reino Unido não apresentar propostas escritas sobre o acordo do Brexit, leia-se sobre o backstop, até ao final deste mês de setembro não há mais negociações.
Após um encontro em Paris com o presidente francês Emmanuel Macron, o primeiro-ministro finlandês, Antti Rinne, declarou: "Ambos concordámos que é já altura de Boris Johnson produzir as suas próprias propostas por escrito - se é que elas existem. Se não foram recebidas quaisquer propostas até ao final de setembro então é o fim".
Numa reação a estas declarações, o N.º 10 de Downing Street, citado pela BBC, fez saber que o governo britânico "continuará a negociar e a apresentar propostas na altura apropriada".
A presidência finlandesa prevê discutir, nos próximos dias, aquele novo deadline com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, bem como com Boris Johnson. Apesar de tudo, este ultimato de pouco menos de duas semanas ainda não foi aprovado por todos os outros países da UE.
Segundo uma porta-voz da Comissão Europeia, o Reino Unido já apresentou algumas propostas por escrito. "Recebemos documentos do Reino Unido e nesta base vamos ter discussões técnicas hoje e amanhã em relação a alguns aspetos alfandegários, bens manufaturados e regras fitossanitárias", disse Mina Andreeva, recusando apresentá-los como uma proposta formal. Disse ainda que não há prazo formal para o Reino Unido apresentar as suas propostas, enfatizando contudo que todos os dias contam visto que se aproxima a data do Brexit (31 de outubro)
O Reino Unido disse que tinha partilhado com Bruxelas "documentos técnicos que refletem as ideias que o Reino Unido tem apresentado", sem apresentar mais detalhas. "Vamos apresentar soluções formais por escrito quando estivermos prontos", afirmou a porta-voz do governo britânico.
Até agora, Boris Johnson sempre disse que queria e estava a renegociar o acordo do Brexit com a UE, nomeadamente no que toca ao controverso ponto do backstop - mecanismo de salvaguarda destinado a evitar o regresso de uma fronteira física entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda. Porém, várias vozes, nessa mesa UE, dizem não saber de nada nem ter visto quaisquer propostas.
Na quarta-feira de manhã, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, o presidente da Comissão Europeu, Jean-Claude Juncker, falou nesse sentido. "Convidei o primeiro-ministro [Boris Johnson] a fazer propostas concretas, operacionais, e por escrito sobre as vias alternativas que nos permitiriam respeitar esses objetivos", avançou o luxemburguês, reconhecendo que "enquanto essas propostas não forem apresentadas", não poderá defender que "foram feitos progressos reais".