Dissidentes do IRA suspeitos de atentado. Detidas quatro pessoas
A polícia da Irlanda do Norte disse neste domingo suspeitar que dissidentes do Exército Republicano Irlandês (IRA) estejam por trás da explosão de um carro armadilhado diante de um tribunal em Londonderry e ainda que quatro homens já foram detidos.
Dois suspeitos de 20 anos foram presos esta manhã e outros dois homens, com idades entre 34 e 42 anos, foram presos esta noite na cidade, informou a polícia da Irlanda do Norte (PSNI).
A polícia publicou no 'Twitter' vários vídeos, um dos quais mostra uma pessoa a fugir do carro estacionado. Num segundo vídeo, vê-se um grupo de pessoas a passar perto do veículo algum tempo antes da explosão. Um terceiro vídeo mostra a explosão, com detritos projetados no ar e o carro devastado pelas chamas.
O engenho foi colocado dentro de um veículo de entrega roubado e explodiu no sábado à noite enquanto a polícia, que recebeu um aviso, estava a retirar as pessoas da área. Não houve relatos de feridos.
O chefe de polícia assistente, Mark Hamilton, disse que a bomba era um dispositivo artesanal e instável, considerando o ataque "incrivelmente imprudente". "As pessoas responsáveis por este ataque não mostraram nenhuma consideração pela comunidade ou pelas empresas locais", disse Hamilton.
O chefe de polícia assistente afirmou que a "principal linha de investigação" é de que a bomba foi colocada por um grupo conhecido como o Novo IRA.
"A nossa principal pista é o 'novo IRA'", disse o vice-chefe da polícia, Mark Hamilton, em conferência de imprensa, falando num "pequeno grupo".
A ministra britânica da Irlanda do Norte, Karen Bradley, condenou hoje o ataque e disse que queria alterar o progresso em direção à paz naquele território. Os responsáveis, acrescentou Karen Bradley, "não têm absolutamente nada a oferecer" ao futuro da Irlanda do Norte. "Esta é uma violência intolerável e esperamos construir um futuro pacífico para todos na Irlanda do Norte", disse a ministra britânica.
O governo de partilha de poder da Irlanda do Norte foi suspenso por dois anos por causa de uma disputa entre os principais partidos políticos protestantes e católicos. A incerteza sobre o futuro da fronteira irlandesa depois do Brexit está a aumentar as tensões.
John Boyle, que é o autarca da cidade, também conhecida como Derry, disse que a violência "está no passado e tem de permanecer no passado". Elisha McCallion, uma política do Sinn Fein (antigo braço político do IRA), disse à imprensa que "ninguém quer este tipo de incidente". "Não é representativo da cidade. Eu incentivo qualquer pessoa com informações sobre este incidente para as fazer chegar à polícia", declarou.
Mais de 3700 pessoas morreram durante décadas de violência antes do acordo de paz da Irlanda do Norte, em 1998. A maioria dos militantes renunciou à violência, mas pequenos grupos de dissidentes do IRA realizaram explosões e tiroteios ocasionais.
(Notícia atualizada às 23.00)