Catalunha: 600 mil na manifestação independentista menos participada de sempre
Milhares de catalães saíram às ruas de Barcelona em mais um Dia da Catalunha para demonstrar a força do independentismo, numa altura em que as divisões entre os seus líderes são visíveis em relação à estratégia de futuro e a semanas de ser conhecido o resultado do julgamento do processo.
Segundo os dados da Guarda Urbana de Barcelona, cerca de 600 mil pessoas participaram na manifestação deste ano, o número mais baixo desde 2012, quando estes protestos se tornaram num símbolo do independentismo. Em 2016, o ano em que menos pessoas tinham participado até agora, tinham saído às ruas 875 mil, segundo a mesma fonte, e já chegaram a ser quase dois milhões.
Os números da delegação de governo espanhol na Catalunha costumam ficar ainda mais abaixo dos dados pela Guarda Urbana.
Desde 2012 que a festa se tornou um termómetro para o independentismo, com as manifestações convocadas pelas associações Assembleia Nacional Catalã (ANC) ou Ómnium Cultural. Nesse ano, as autoridades catalãs alegaram que 1,5 milhões de pessoas saíram à rua sob o lema "Catalunha, novo Estado da Europa". O governo espanhol disse contudo que tinham sido 600 mil pessoas. No ano seguinte, o número foi ainda maior: 1,6 milhões de pessoas, segundo os organizadores, com o executivo espanhol a contar apenas 400 mil.
Em 2014, atingiu-se o pico de participação, com algumas associações a falar de dois milhões de pessoas e o governo de, no máximo, 520 mil. A Diada de 2016 foi a que teve assistência mais baixa: 875 mil, segundo os primeiros, e 370 mil, de acordo com os segundos. No ano passado, as autoridades catalães disseram que um milhão de pessoas estiveram nas ruas e a delegação do governo espanhol não revelou números.
A Diada deste ano, subordinada ao tema "Objetivo: Independência" e convocada pela ANC, surge a semanas de ser conhecida a sentença do processo independentista, pelo qual 12 líderes catalães (nove deles detidos) são acusados de rebelião, sedição e peculato na organização do referendo de 1 de outubro de 2017 e consequente declaração unilateral de independência.
Na véspera da Diada, o presidente da Generalitat, Quim Torra, fez uma declaração institucional, declarando que o independentismo "não foi vencido" e "não acabou o seu caminho". Torra insiste no direito de autodeterminação como única saída para o problema catalão. "Os povos formam parte dos estados por duas vias: por vontade ou por imposição, por adesão ou por repressão", referiu, deixando claro que "a Catalunha será o que os catalães quiserem".