Democratas alargam investigação a Trump: objetivo impeachment

O Comité Judiciário da Câmara dos Representantes, liderado pelos democratas, vai votar na quarta-feira uma resolução para formalizar uma investigação mais alargada ao presidente norte-americano.
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Os membros do comité irão votar na quarta-feira o âmbito da investigação a Donald Trump, avançou uma fonte, que falou sob condição de anonimato, à Reuters. O painel rebatizou o que era originalmente um inquérito de supervisão da presidência de Trump para uma investigação de destituição, tendo como objetivo decidir até ao final do ano sobre se recomenda a toda a Câmara dos Representantes que se vote o impeachment do presidente.

Segundo a Reuters, há pelo menos 134 democratas da Câmara a apoiar um inquérito de destituição. São necessários 218 votos (num total de 435) para que a Câmara aprove uma resolução de destituição.

A atual abordagem de impeachment do comité tem sido criticada pelos republicanos por evitar os precedentes durante as investigações de destituição contra os presidentes Richard Nixon e Bill Clinton. O primeiro demitiu-se antes de o processo chegar ao fim. O segundo acabou por ser ilibado. Nesses casos, as investigações foram formalmente autorizadas pelo plenário da Câmara. Desta vez, os democratas evitaram uma votação da Câmara que poderia ser arriscada para democratas de círculos onde a ideia de destituição é impopular para os eleitores.

Durante a maior parte do ano, o presidente do Comité Judiciário da Câmara, Jerrold Nadler, concentrou-se nas conclusões da investigação do ex-procurador especial Robert Mueller sobre a ingerência russa nas eleições presidenciais de 2016 e nas provas de que Trump tentou impedir a investigação.

Desde o testemunho de Mueller em julho, Nadler ampliou a investigação para incluir alegações de que Trump misturou indevidamente os seus interesses financeiros com o seu papel como presidente, acenou com perdões para incentivar a má conduta de funcionários e pagou para silenciar mulheres que afirmam ter tido casos com ele durante a campanha de 2016.

Se o Comité votar favoravelmente a resolução as investigações são reforçadas em poderes. Os advogados que trabalham para o painel podem questionar testemunhas em audiência, o painel pode analisar à porta fechada o material classificado da investigação de Robert Mueller.

Os novos procedimentos podem já estar em vigor na audiência ao ex-diretor da campanha de Trump, Corey Lewandowski, no dia 17, bem como os ex-assessores da Casa Branca Rob Porter e Rick Dearborn.

Os democratas pretendem chamar testemunhas envolvidas no caso de pagamentos ilícitos durante a campanha presidencial à atriz pornográfica Stormy Daniels e à ex-modelo Karen McDougal. Trump reconheceu ter realizado os pagamentos mas alegou serem legais e ao mesmo tempo negou ter mantido relações com as mulheres. Os procuradores deram a investigação por encerrada sem acusações. Não se sabe se os procuradores agiram em consonância com a doutrina do Departamento de Justiça de que um presidente em exercício não pode ser indiciado.

Ao transmitir os detalhes dos contínuos esforços de Trump para levar os altos cargos do governo para os hotéis, clubes e estâncias da sua família, os democratas esperam convencer os norte-americanos de que Trump está a tentar lucrar com a presidência, o que é uma violação das cláusulas sobre emolumentos da Constituição. Trump rejeitou repetidamente essa acusação e entregou a administração da Trump Organization aos filhos mais velhos e a um fundo, embora ele seja seu único beneficiário.

Os democratas também enquadraram as ofertas de Trump para perdoar funcionários dispostos a infringir a lei para levar adiante as suas políticas de imigração como parte de um padrão que também inclui os seus esforços para impedir a investigação de Mueller.

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