Cidade na Flórida usa a música "Baby Shark" para afastar sem-abrigo de parques
As músicas "Baby Shark" e "Raning Tacos" estão a ser utilizadas pelas autoridades de West Palm Beach, na Flórida, para demover os sem-abrigo de passarem a noite no Lake Pavilion e no Great Lawn, locais que oferecem "vistas de milhões de dólares" para eventos especiais, conta o Washington Post.
Depois de as autoridades municipais terem pensado em várias formas de conter a situação - que incluía não só pessoas a dormir no parque, mas também "lembranças desagradáveis deixadas lá, como fezes humanas" - os funcionários do parque sugeriram usar música e escolheram a "Baby Shark" e a "Raining Tacos".
Às dez da noite, "Baby Shark", dos PINKFONG, começa a tocar nos altifalantes:
"Baby shark, doo doo doo doo doo doo Baby shark, doo doo doo doo doo doo Baby shark, doo doo doo doo doo doo Baby shark! Mommy shark, doo doo doo doo doo doo.....". Para quem ainda não conhece, o loop repete-se, da mãe (Mommy) e do pai (Daddy) até aos avós (Grandma e Grandma).
Mas a tortura não dura apenas os longos 02:16 da música, arrastando-se por mais oito horas, até ao sol nascer, em alternância com outra música, "Raining Tacos":
"It's raining tacos / From out of the sky / Tacos / No need to ask why / Just open your mouth and close your eyes / It's raining tacos"
Segundo declarações de Kathleen Walter, a porta-voz da prefeitura de West Palm Beach, o volume da música respeita a lei municipal e a medida, temporária, destina-se a "desencorajar a reunião de pessoas no edifício e, se for o caso, encorajá-las a procurar um abrigo mais seguro e apropriado através dos muitos recursos disponíveis".
De acordo com Keith James, autarca de West Palm Beach, o município disponibiliza recursos que incluem a preparação das pessoas para o mercado de trabalho, através de formações, e uma equipa de funcionário que "encontra as pessoas onde elas estiverem" e faz a ponte entre com a ajuda que necessitem, desde abrigos a recursos para tratar problemas de saúde mental ou dependência de drogas.
"Acho bom que esta história esteja a atrair tanta atenção, porque espero que isso abra uma conversa mais ampla, uma discussão nacional, na verdade, sobre a situação dos sem-abrigo em todo o país", acrescentou James.
"Tudo indica que a medida está a ter os resultados previstos. É uma música muito irritante, por isso, resultou." explicou o mayor.
Um sem-abrigo, Illaya Champion contou ao Palm Beach Post que se deita ao pé do pátio do pavilhão para se proteger do sol e da chuva e considera que a medida "é errada". "A música não me incomoda. Eu ainda me deito lá, mas tocam as mesmas músicas sem parar."
"Ter que viver sem uma casa é cansativo - fisicamente, mentalmente, emocionalmente, em todos os sentidos", disse Bobby Watts, chefe executivo do Conselho Nacional de Saúde para os Sem-Abrigo. ao site de notícias RewireNews . "A necessidade de sono deles é maior, mas a sua capacidade para dormir é menor do que se estivessem a morar numa casa."