O antigo presidente da câmara de Londres e ex-chefe da diplomacia britânica, Boris Johnson, lançou esta quarta-feira oficialmente a sua candidatura à liderança do Partido Conservador, alegando que adiar novamente o Brexit será uma derrota e que é preciso o Reino Unido continuar a preparar-se para uma saída da União Europeia sem acordo, apesar de esse não ser o resultado que defende..Na apresentação da sua candidatura a líder do Partido Conservador, Boris Johnson avisou que adiar novamente o Brexit será uma derrota, comprometendo-se com a data de 31 de outubro. "Nós não conseguiremos um resultado se dermos a impressão de que queremos continuar a chutar a bola mais para a frente e aprovar mais atrasos. Adiar significa derrota, adiar significa ruína", referiu aquele que é o favorito à sucessão de Theresa May, que oficializou a sua saída da liderança dos Tories a 7 de junho mas continuará como líder interina até à eleição do sucessor.."A cada semana e mês que passa e que deixamos de cumprir a nossa promessa, temo que nos alienemos não apenas os nossos apoiantes naturais, empurrando-os para os braços dos partidos insurgentes, mas qualquer um que acredita que os políticos devem cumprir as suas promessas", disse, alegando que adiar significa entregar o país a Jeremy Corbyn, o líder da oposição trabalhista..Questionado sobre um Brexit sem acordo, Boris Johnson deixou claro: "Não estou a apontar para um resultado sem acordo. Acho que não vamos acabar com uma coisa assim, mas é responsável prepararmo-nos vigorosa e seriamente para um não-acordo. De facto, é surpreendente que alguém possa sugerir dispensar essa ferramenta vital na negociação." E recusou comprometer-se em demitir-se se o Reino Unido ainda estiver na União Europeia depois de outubro.."A melhor forma de evitar um Brexit desordenado é fazer preparativos agora que vão permitir-nos sair de forma ordenada se tivermos que sair. Mas acima de tudo, se fizermos agora os preparativos, vamos passar a convicção aos nossos amigos e parceiros de que seremos capazes de ter uma saída assim se tivermos, se tivermos coragem, se formos obrigados a ir por esse caminho, que, obviamente, seria de último recurso, não algo que qualquer um deseja, mas como a nossa última opção", disse..O ex-chefe da diplomacia de May acredita que com um novo governo, "com um novo mandato, um novo otimismo e uma nova determinação" poderá conseguir um novo acordo da União Europeia. "Agora é hora de unir este país e esta sociedade", disse, alegando que "não podemos começar nessa tarefa até termos respondido ao primeiro pedido das pessoas, a grande coisa que nos pediram para fazer. Após três anos e dois prazos falhados, temos que sair da União Europeia a 31 de outubro". .Polémico, Johnson recusou voltar a falar do facto de ter experimentado cocaína quando era estudante, alegando que um "relato canónico" do que ocorreu quando tinha 19 anos já foi bastante falado e que as pessoas querem focar-se na sua visão de futuro. As pessoas querem focar-se nos temas e "tudo o resto, francamente, acho que corre o risco de nos afastar do caminho", disse, quando questionado sobre uma entrevista à revista GQ, em 2007, na qual admitiu ter experimentado cocaína..A admissão de um dos seus adversários, Michael Gove, de que consumiu cocaína quando era jornalista, há mais de 20 anos, causou-lhe problemas..Questionado diretamente se alguma fez tinha feito algo ilegal, Johnson respondeu: "Não posso jurar ter sempre cumprido o limite de velocidade de 70 milhas por hora neste país". E quando os jornalistas lhe perguntaram sobre o seu estilo de comunicação e os riscos que este implica, o deputado conservador defendeu que "é vital que os políticos se lembrem que uma das razões pelas quais o público se sente alienado de nós todos enquanto uma raça, os políticos, é porque muitas vezes sentem que estamos a conter e a abafar a nossa linguagem, não falando aquilo que achamos, cobrindo tudo em burocracia, quando o que eles querem ouvir é o que pensamos genuinamente"..Apesar de não querer falar desse passado, Boris Johnson lembrou o seu currículo e os seus sucessos como presidente da câmara de Londres para defender que as promessas que faz enquanto político são para cumprir. E deu o exemplo da diminuição dos crimes com armas brancas durante o seu mandato, falando de uma redução de 32% na violência juvenil quando estava nesse cargo.