Exonerado por um dia. "Amanhã retorno às atividades", explica ministro de Bolsonaro

Titular da pasta do Turismo, envolvido em escândalo de desvio de dinheiro público, só saiu por causa de uma formalidade legal e para assumir o mandato como deputado para o qual foi eleito em outubro.
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Em ato assinado em conjunto com o seu ministro da justiça, Sergio Moro, o presidente da República do Brasil, Jair Bolsonaro, exonerou o ministro do turismo, envolvido recentemente em suposto caso de corrupção. Mas por um dia apenas. Amanhã, quinta-feira, Marcelo Álvaro Antônio volta ao seu trabalho normal no ministério que tutela, independentemente do escândalo em que está envolvido. A exoneração deve-se, afinal, a uma formalidade: eleito deputado em outubro pelo PSL, partido do presidente, por lei, precisa de sair do governo para assumir o mandato parlamentar, cujos trabalhos começaram nesta semana.

"Em tempo de fake news, importante avisar: hoje tomo posse na Câmara dos Deputados e amanhã retorno as atividades à frente do ministério do turismo", escreveu o ministro no twitter. O ministro da Casa Civil, responsável pela relação entre executivo e legislativo, confirmou: "A exoneração é só para tomar posse como deputado, ele volta ao governo após as formalidades necessárias na Câmara dos Deputados", disse Onyx Lorenzoni. Antes de Antônio, mais quatro ministros que são deputados foram também alvo de exoneração relâmpago.

A iniciativa de Bolsonaro, no entanto, apanhou de surpresa até deputados do seu partido. Carla Zambelli, deputada federal em primeiro mandato, escreveu nas redes sociais que "a exoneração é a atitude correta, inclusive para deixar que o ex-ministro cuide da sua defesa sem que os trabalhos no ministério fiquem prejudicados, parabéns presidente!".

O escândalo em que está envolvido Antônio, deputado mais votado em Minas Gerais na última eleição, refere-se a um esquema de candidaturas falsas que resultou em desvio de verbas públicas para empresas ligadas a membros do seu gabinete. Antônio, presidente do PSL mineiro, recebeu 279 mil reais [perto de 70 mil euros] de um fundo público eleitoral para financiar as campanhas eleitorais de quatro candidatas, ao abrigo da quota legal de 30% de mulheres concorrentes a cargos no Congresso.

No entanto, essas quatro mulheres receberam menos de 2000 votos, o que pode ser interpretado como sendo candidaturas de fachada, ou seja, com atos de campanha simulados. E parte do dinheiro do fundo público acabou nos cofres de empresas ligadas a assessores de Antônio.

Uma das destinatárias daquela verba, Cleuzenir Barboza, diz que foi coagida por assessores do ministro a devolver o dinheiro. Em Portugal, "para poupar a nossa vida das ameaças", afirmou ainda que pediu asilo político ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. O ministro negou.

Em São Paulo

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