Insultos a mulheres e casamento com menores. Apresentador da Fox News recusa pedir desculpas
Várias afirmações sexistas e polémicas feitas pelo apresentador da Fox News Tucker Carlson foram partilhadas pela organização não governamental de observação da imprensa Media Matters. Entre 2006 e 2011, o apresentador participou semanalmente num programa de rádio de choque, o Bubba The Love Sponge, onde comentava vários assuntos da atualidade com os anfitriões.
De acordo com as informações divulgada no domingo, ao longo dos anos, Carlson teve várias participações polémicas. Um dos episódios mais controversos foi uma com o apresentador do programa Todd Clem sobre o caso de Warren Jeffs, um homem que organizava casamentos ilegais entre adultos e raparigas menores de idade e que está atualmente preso por ter violado duas raparigas.
No programa, Carlson afirma não compreender o porquê de tanta polémica à volta do caso e defende que casar com uma menor de idade é diferente a "puxar uma criança de um autocarro e agredi-la sexualmente (...) O violador, neste caso assumiu um compromisso vitalício de viver e cuidar da pessoa".
Carlson defende Jeffs e afirma que este está preso por ser incompreendido pela população, "por ser estranho e por ter um estilo de vida diferente, que as outras pessoas acham esquisito".
Outro dos episódios mais falados pelo público acontece quando o apresentador do programa comenta com Carlson um cenário que gosta de viver com raparigas menores de idade e sugere que as protagonistas seriam as colegas de escola da filha de Carlson, que devem "estar a experimentar cenários umas com as outras"; ao que este responde que "adoraria o cenário", se a sua filha não estivesse incluída.
Em conversas distintas, Carlson apelida as mulheres de "extremamente primitivas", "básicas" e diz que estas gostam de "estar caladas e que lhes digam o que devem fazer". Ofende a jornalista Arianna Huffington, chamando-a de "porca" (em 2006), apelida a cantora Britney Spears e a herdeira da cadeia Hilton, Paris, como as "duas das maiores putas brancas dos Estados Unidos" (em 2008), e diz sentir-se triste pelas "mulheres que não são atraentes, referindo-se a Elena Kagan, do Supremo Tribunal de Justiça.
O apresentador recusou pedir desculpas pelas afirmações e respondeu à polémica pelo seu Twitter, onde afirma que foi apanhado a "dizer algo maroto há mais de uma década" e desafia todas as pessoas que estão contra as suas afirmações a ver o programa.
Várias pessoas têm partilhado o seu descontentamento com o apresentador e tem atacado não só Carlson, mas também o canal Fox. Declarações como "ele não tem lugar no ecrã de ninguém" e "qualquer marca que queira apoiar o programa de Carlson não precisa do meu dinheiro" são agora as principais da hastag #TuckerCarlsonTonight, o nome do seu programa.
O diretor da Media Matters, Angelo Carusone declara ter divulgado as conversas de Carlson para mostrar à população que o conteúdo do programa do apresentador na Fox News mostra tanta aversão às mulheres como os clipes de rádio tornados públicos. A organização sem fins lucrativos defende que está a tentar ajudar as pessoas a compreender o quão "vil" é o programa apresentado por Carlson, citando a CNN.
Tucker Carlson trabalhou para a MSNBC de 2005 a 2008 e em 2009 foi para a Fox News, onde atualmente apresenta o programa Tucker Carlson Tonight. Um porta-voz do canal recusou comentar os comentários de Carlson.
Esta não é a primeira vez que o apresentador faz declarações polémicas. Em dezembro de 2018, Carlson disse durante o seu programa que a emigração faz os Estados Unidos "mais pobre, sujo e dividido".