Incêndios na Amazónia disparam em julho. Num dia, houve mais de mil

Só a 30 de julho, os satélites detetaram 1007 incêndios na floresta amazónica, provocados frequentemente para limpar terras para agricultura, pecuária e mineração.
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O número de incêndios florestais na Amazónia brasileira, no mês passado, aumentou 28% em relação a julho do ano transato. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o INPE, identificou 6.803 incêndios na região amazónica em julho de 2020, comparados a 5.318 no ano anterior. A informação é avançada este sábado, tendo por base dados de satélite, e vem aumentar os receios de que a maior floresta tropical do mundo seja novamente devastada por incêndios este ano.

Apenas a 30 de julho, os satélites detetaram 1007 incêndios na Amazónia, informou o INPE. Este é o número mais alto registado no mês de julho desde 2005, disse o grupo ambiental Greenpeace. "O facto de ter mais de mil focos num único dia, recorde dos últimos 15 anos para o mês de julho, mostra que a estratégia do governo de fazer operações mediáticas não é eficaz para a floresta", disse o porta-voz do Greenpeace, Romulo Batista, numa nota de imprensa.

O número é ainda mais preocupante quando analisado o ano de 2019, que já foi devastador em relação aos incêndios na Amazónia, provocando protestos globais. O cenário exerceu uma pressão sobre o Brasil, que detém cerca de 60% da Amazónia, a fazer mais para proteger a floresta densa, considerada vital para conter o impacto das mudanças climáticas. O presidente Jair Bolsonaro enviou o exército para combater os incêndios, mas os ativistas dizem que a medida nem de longe é suficiente para solucionar as causas do problema.

Os incêndios são frequentemente utilizados ilegalmente para limpar terras para agricultura, pecuária e mineração. Ativistas acusam Bolsonaro, um cético das mudanças climáticas, de incentivar o desmatamento com pedidos para abrir a floresta tropical à agricultura e à indústria.

As chamas aumentaram 77% em terras indígenas e 50% em reservas naturais protegidas desde julho de 2019, disse a Greenpeace, indicando que as atividades ilegais estão cada vez mais a invadir estas áreas. A temporada de incêndios na região ocorre tipicamente entre junho e outubro.

A situação este ano é agravada, segundo os especialistas, pela fumaça que causa um aumento nas emergências respiratórias numa região já atingida com força pela covid-19. O Brasil tem mais infeções e mortes pelo novo coronavírus do que qualquer outro país, excetuando os EUA: mais de 2,6 milhões e 92 mil, respetivamente.

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