Dr.ª Jill Biden. Antigas primeiras-damas juntam-se em defesa da mulher de Joe Biden
Ensaísta Joseph Epstein defendeu num artigo que Jill Biden deve abdicar do título de "doutora" por não ser médica
As antigas primeiras-damas dos EUA Hillary Clinton e Michelle Obama condenaram a visão do ensaísta Joseph Epstein que defende num artigo que a mulher do presidente eleito Joe Biden, Jill Biden, deve abdicar do título de "doutora" por não ser médica.
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A esposa do presidente eleito Joe Biden deve parar de se chamar "Dra. Jill Biden"? Certamente não, defendem Hillary Clinton e Michelle Obama, referindo-se a um artigo polémico escrito pelo ensaísta publicado no sábado pelo Wall Street Journal.
No texto, criticado como "sexista" por outras personalidades democratas, Joseph Epstein defende que, a menos que seja médico, não há razão para preceder o nome com o título de "doutor".
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Jill Biden é doutorada em Ciências da Educação. "Nas ciências sociais, chamar-se doutor é considerado mesquinho", insiste Epstein, garantindo que o título de doutora de Jill Biden "soa falso" e "um pouco cómico".
A opinião do ensaísta desencadeou imediatamente uma onda de protesto.
O nome dela é Doutora Jill Biden. Acostume-se", escreveu no twitter Hillary Clinton, antiga Secretária de Estado dos Estados Unidos e antiga candidata às eleições presidenciais.
Já Michelle Obama viu o texto de Epstein como uma ilustração do tratamento desfavorável sofrido por mulheres profissionalmente bem-sucedidas.
"Durante oito anos, vi a Dra. Jill Biden fazer o que muitas mulheres profissionais fazem - administrar com sucesso mais de uma responsabilidade ao mesmo tempo, desde os seus deveres de professora às suas obrigações oficiais na Casa Branca, passando pelos seus papéis como mãe, mulher e amiga", escreveu no Instagram."Muitas vezes, os nossos sucessos despertam ceticismo e até escárnio", acrescentou Michele Obama.
O artigo gerou reações tão indignadas que o responsável pelas páginas de "Opinião" do Wall Street Journal, Paul Gigot, teve de defender a sua escolha editorial, afirmando que a pergunta de Epstein merecia ser feita e que o próprio jornal reservava o termo "Dr" para os médicos.
Paul Gigot denunciou uma "campanha política" liderada pela "Equipa Biden".
Jill Biden conclui o seu doutoramento na Universidade de Delaware em 2007, uma época em que, de acordo com Epstein, o prestígio dos doutorados foi "diminuído pela erosão da seriedade e pelo relaxamento dos padrões no ensino universitário".
Perante estas críticas, a futura primeira-dama escreveu no domingo na rede social Twitter: "Juntos, construiremos um mundo onde os sucessos das nossas filhas serão saudados em vez de denegridos".
"A Dra. Biden obteve a licenciatura graças ao trabalho árduo e à sua determinação absoluta. (...) Este artigo nunca teria sido escrito sobre um homem", criticou, por sua vez, Doug Emhoff, marido da vice-presidente eleita Kamala Harris, também professor universitário
Muitos internautas também lamentaram o facto de Epstein ter abordado Jill Biden numa fórmula considerada paternalista ao escrever: "Madame, primeira-dama, Sra. Biden, Jill, minha pequena".
A Northern University, onde Epstein lecionou, já disse discordar "das visões misóginas de Epstein".