Harvey Weinstein considerado culpado de violação e agressão sexual

Jurados condenam o produtor do cinema em duas das cinco acusações de crimes levadas a julgamento. Foi absolvido do crime mais grave. Fica detido até à sentença marcada para 11 de março.
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Harvey Weinstein foi considerado culpado de dois crimes de violação e agressão sexual, após os jurados - sete homens e duas mulheres - terem demorado mais de 26 horas a tomarem a decisão. O produtor de cinema foi dado como culpado em duas das cinco acusações. O juiz James Burke ordenou a detenção de Weinstein - fica sob custódia policial até ao dia da sentença, que será lida a 11 de março. Pode ser condenado a uma pena até 25 anos de prisão

O produtor foi considerado culpado de cometer uma agressão sexual envolvendo uma mulher e uma violação em que a vítima foi outra mulher. O júri de um tribunal de Nova Iorque absolveu-o das acusações mais graves de agressão sexual envolvendo duas mulheres. Foi absolvido em duas acusações de agressão sexual predatória, que significariam a pena mais pesada, podendo ir até à prisão perpétua. Foi ainda ilibado de um crime de violação em primeiro grau.

Com as duas condenações, o antigo dono da Miramax pode ser punido com penas severas. Pela agressão sexual em primeiro grau, a sentença pode ir de cinco a 25 anos na prisão, enquanto pelo crime de violação em terceiro grau, a pena pode ser de liberdade condicional até quatro anos de prisão.

Pelo grupo "The Silence Breakers", que representa pessoas que se queixam de má conduta sexual, já houve reação com um agradecimento às "mulheres corajosas" que se manifestaram contra Harvey Weinstein. A advogada Kendra Barkoff, que fala em nome de "The Silence Breakers", fez uma breve declaração após o veredicto.

"Esta condenação não seria possível sem o testemunho das mulheres corajosas e das muitas mulheres que se manifestaram", afirmou a advogada referindo-se a Jessica Mann e Miriam Haley, duas das mulheres que foram vítimas dos crimes de Weinstein.

A decisão desta segunda-feira "marca uma nova era da justiça, não apenas para as "The Silence Breakers", que se manifestaram sob grande risco pessoal, mas para todos os sobreviventes de assédio, abuso e agressão no trabalho", disse, por sua vez, Tina Tchen, presidente e CEO da Time's Up Foundation, organização que visa combater a má conduta sexual no local de trabalho.

Tchen disse que "todos temos uma dívida de gratidão para Mimi Haleyi, Jessica Mann, Annabella Sciorra, Dawn Dunning, Tarale Wulff e Lauren Young", as seis mulheres que levaram Weinstein a tribunal neste processo.

O procurador de Manhattan, Cy Vance, definiu Harvey Weinstein como um "cruel predador sexual em série que usou o seu poder para ameaçar, violar, agredir, enganar, humilhar e silenciar as vítimas". Questionado se estava desapontado por Weinstein ter sido absolvido de determinadas acusações, Vance disse: "Certamente não estou insatisfeito com o veredicto".

"Este foi um caso difícil, desafiador e algo que realmente mudou a nossa compreensão do que é agressão sexual, um mito destruído que vigorou no nosso sistema durante um longo tempo", acrescentou.

A defesa de Weinstein já anunciou que irá recorrer.

Fica sob detenção até leitura da sentença

Harvey Weinstein, 67 anos, estava acusado de cinco crimes ocorridos entre 2006 e 2013, entre os quais agressão sexual e violação em primeiro e terceiro graus, a partir de testemunhos de cerca de uma centena de mulheres, embora o caso assente sobretudo em denúncias de duas vítimas. Weinstein, detido em maio de 2018, insistiu na inocência, alegando que todos os atos foram consentidos.

A 25 de maio de 2018, o produtor norte-americano entregou-se às autoridades em Nova Iorque, quando estava a ser investigado por agressões e abuso sexual, tendo saído em liberdade no dia seguinte com pulseira eletrónica, depois de entregar o passaporte e de pagar uma caução de um milhão de dólares (864 mil euros). Na altura, as acusações pendiam sobre casos envolvendo oficialmente duas mulheres. Em dezembro de 2019, a fiança subiu para cinco milhões de dólares.

Agora fica sob custódia policial até dia 11 de março, data em que o juiz James Burke dará a conhecer a pena aplicada ao produtor de cinema.

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